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Com o desporto parado, atletas profissionais viram-se para o gaming

Os altos responsáveis pelos vários desportos a nível mundial estão a recorrer ao gaming para preencher o espaço deixado na indústria do entretenimento. Atletas e clubes aproveitam o “tempo livre” para organizarem competições, na maioria de cariz solidário, oferecendo um escape às pessoas que têm de ficar em casa e não podem acompanhar os seus desportos favoritos.
6 Abril 2020, 07h45

A pandemia de Covid-19 obrigou à suspensão de todas as modalidades desportivas, deixando um espaço vazio na indústria do entretenimento que agora os esports tentam preencher. Do rugby ao futebol americano, do basquetebol ao futebol, as instâncias responsáveis pelos respetivos desportos procuram agora dar ao público parte da emoção que normalmente receberiam ao assistir a prática profissional de desporto.

A popularidade do futebol a nível global não é algo que deva ser subestimado, no sentido de perceber que esta forma de entretenimento cativa milhões de pessoas em todo o mundo. Com isto em mente, as ligas de futebol profissional em conjunto com os jogadores, desdobram-se em iniciativas recorrendo aos esports, neste caso ao Fifa 20, como forma de competirem e oferecerem entretenimento ao público.

O torneio de Fifa 20 organizado pela La Liga foi um dos pioneiros em plena quarentena, a juntar atletas das 20 equipas da primeira divisão espanhola, de forma a competirem entre si por um prémio de cariz solidário no valor de 140 mil euros. O torneio foi um sucesso, atraiu mais de um milhão de pessoas que assistiram através da plataforma de streaming Twitch. Marco Asensio, jogador do Real Madrid, acabaria por vencer o torneio.

O exemplo de sucesso que foi o torneio da La Liga, serviu de motivação para outras ligas começarem a organizar os seus próprios torneios. Em Portugal, os torneios de Fifa 20 estão a cargo da FPF, que anunciou já para este domingo, dia 5 de abril, um torneio onde vai também vai estar presente Diogo Jota, internacional português que atua na equipa inglesa dos Wolverhampton Wanderers na Premier League (primeira liga inglesa).

Lá fora, os torneios de esports com atletas multiplicam-se, a começar pela NBA que organizou um torneio onde vai estar presente um atleta em representação da sua equipa (à semelhança do torneio da La Liga) através do jogo NBA2K20. O prémio também é de cariz solidário, e a competição vai disputar-se entre os dias 3 a 11 de abril. O futebol americano é outro dos desportos envolvidos nesta “onda” de eventos de esports com um torneio anunciado para o dia 3 de abril.

Na Fórmula 1, a organização não se limitou a organizar um torneio individual, em vez disso, todos os Grandes Prémios que foram cancelados, vão ser disputados num simulador pelos pilotos através do jogo oficial da competição. As competições de corridas são das mais populares no mundo dos esports, reunindo milhares de participantes todos os anos nos vários continentes.

Por outro lado, existem também vários meios de comunicação desportivos que recorrem à simulação de várias modalidades recorrendo aos respetivos jogos de vídeo, comentando e analisando o que vai acontecendo. Um dos melhores exemplos é o “BleacherReport” que todos os dias simula um jogo de futebol através do Fifa 20. Também o canal oficial da NBA tem aproveitado para fazer o mesmo, simulando as jornadas que ficaram por disputar da principal liga de basquetebol dos Estados Unidos.

Apesar da indústria do esports profissionais nunca ter estado dependente dos eventos ao vivo, o cancelamento dos mesmos obrigou os organizadores a voltarem aos antigos formatos. As competições vão ser disputados através da internet e prometem não perder o entusiasmo com milhões a assistir a partir de casa.

A presente crise motivada pela pandemia de Covid-19, pode vir a mudar a reputação do mundo dos esports e até do gaming como um hobby. Com milhões de pessoas obrigadas a ficar em casa pelo bem da saúde pública, o gaming não só oferece a possibilidade de passar o tempo, como também permite que amigos e familiares se juntem para jogar. Com a incerteza sobre a duração desta crise, é natural que a indústria dos videojogos fortaleça e mude a maneira como estes são vistos na sociedade.

Depois da Organização Mundial de Saúde ter classificado o vício dos videojogos como “doença mental” no ano passado, aconselham agora as pessoas que estão confinadas às suas casas a recorrem ao gaming para passar o tempo.

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