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Covid-19: Ideia das ‘eurobonds’ “tornou-se tóxica”, admite comissário europeu para o Orçamento

O austríaco Johannes Hahn, numa entrevista à revista alemã ‘Der Spigel’, defende que os países “não se devem agarrar a conceitos que geram divergências” e sugere a opção por outras ferramentas em alternativa aos ‘coronavírus’.
5 Abril 2020, 18h02

O comissário europeu para o Orçamento, o austríaco Johannes Hahn, numa entrevista publicada hoje, dia 5 de abril, na revista alemã, ‘Der Spiegel’, considera que a ideia de criar ‘eurobonds’ para fazer face ao impacto económico do coronavírus “se tornou tóxica desde a crise do euro”.

“Sinceramente, acho que, para algumas pessoas, a ideia de [criar] títulos [‘bonds’] se tornou tóxica desde a crise do euro”, considerou Johannes Hahn na referida entrevista, defendendo que os países “não se devem agarrar a conceitos que geram divergências” e sugerindo a opção por outras ferramentas.

O comissário europeu para o Orçamento, pediu, nessa mesma entrevista, mais solidariedade para com o sul da Europa, embora não se consiga perceber a quem é que se estava a dirigir, uma vez que a própria Áustria tem sido dos países que mais se tem oposto a medidas de apoio aos países da União Europeia afetados pela pandemia, ou seja, quase todos os 27 Estados-membros.

“Temos de encontrar instrumentos comuns que fortaleçam a resistência dos Estados-membros nas áreas social e económica”, acrescentou Johannes Hahn.

Na segunda-feira passada, a Comissão Europeia admitiu que a emissão de títulos de dívida conjunta (‘eurobonds’, chamados atualmente de ‘coronabonds’ por visarem a crise provocada pelo coronavírus) é “uma opção em cima da mesa no quadro da resposta europeia aos choques provocados na economia pela pandemia de Covid-19.

No entanto, na sexta-feira, o vice-presidente do executivo comunitário para a Economia, Valdis Dombrovskis, manifestou preferência pelo crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade.

De acordo com Valdis Dombrovskis, certo é o apoio do executivo comunitário às linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), o fundo de resgate permanente da zona euro, que tem uma capacidade de empréstimo de até 410 mil milhões de euros e que pode conceder créditos até 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país comunitário afetado pela covid-19.

“Continuamos a trabalhar no apoio [a uma solução] por meio do MEE. Acreditamos que esse mecanismo deveria ser usado nas circunstâncias atuais porque possui o capital desembolsado pelos Estados-membros e capacidade de empréstimo”, referiu o comissário europeu.

“E, portanto, devemos usá-lo para financiar os Estados-membros em condições favoráveis”, insistiu o político letão.

Na entrevista de hoje à ‘Der Spiegel’, Hahn também defendeu que os Estados do norte da Europa não devem tratar a ajuda a países como a Itália como “esmolas”.

“São esses países que tiram vantagem do mercado único. Quando ajudam países como a Itália, não estão a dar uma esmola. Pelo contrário. Estão a trabalhar para o seu próprio interesse”, sublinhou.

O comissário do Orçamento disse ainda acreditar que a proposta da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, de criar um fundo para apoiar a redução das jornadas laborais diárias em toda a Europa será um teste de solidariedade na UE, já que fará aumentar claramente o orçamento europeu”.

O certo é que ao fim de quase dois meses de pandemia severa em certos países da União Europeia, com destaque para Itália e para Espanha, os responsáveis da União Europeia tardam em concertar uma resposta comum, não só à crise sanitária evidente, mas também ao caos económico que se perfila.

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