A Madeira decretou que a partir de 1 de julho os testes passam a ser obrigatórios a quem desembarque na região. Estes podem ser feitos 72 horas antes do embarque ou na chegada aos Aeroportos da ilha. O membro do gabinete de crise da Ordem dos Médicos e presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, diz que os testes ao covid-19 têm alguma capacidade para identificar casos positivos mas alerta que não são “uma solução global”, e que o controlo de temperatura, que está em vigor na Madeira, “tem um papel limitado” apesar de poderem ajudar a identificar o vírus.
“O covid-19 tem um tempo de encubação entre 1 a 14 dias. As pessoas podem desenvolver a doença durante este período. Mesmo que eu faça um teste hoje isso não invalida que eu amanhã não possa desenvolver a doença se tiver estado exposto previamente. Essa é a dificuldade que nós temos com a questão dos testes”, explica Ricardo Mexia.
Ricardo Mexia explica que potencialmente existem casos assintomáticos , “que têm a doença, e que têm a possibilidade de a transmitir que poderão ser identificados por esse teste”. O membro do gabinete de crise da Ordem dos Médicos acrescenta que relativamente aos outros casos continuamos a ter um problema. “Estes rastreios à entrada, ou diagnósticos, poderão identificar alguns casos mas haverá outros que não. os testes têm um papel mas que não resolvem na integra o problema, implica manter cautelas importantes depois na monitorização da situação”, reforça.
Relativamente a rastreios baseados em questionários e medição de temperatura Ricardo Mexia diz que “tem um papel limitado”, face à evidência existente. “Poderá ajudar a identificar alguns casos, mas também sabemos que alguém que queira viajar e se sinta doente, tenha febre, tomando um antipirético, poderá deixar de ter febre, porque é um sintoma que é fácil de tratar”, afirma.
Ricardo Mexia sublinha que tem mais importância a “percepção das pessoas que existe uma pandemia e que devem ter cautela”, acrescentando que existem “mais casos que podem passar, e que são doentes, do que aqueles que vamos conseguir identificar com essa técnica. Vamos identificar alguns casos, eventualmente sim, mas são mais aqueles que não vamos identificar com essas metodologia”.
O Económico Madeira contactou a Secretaria Regional da Saúde, questionando sobre as afirmações do gabinete de crise da Ordem dos Médicos relativamente aos testes ao covid-19 e o controlo de temperatura, mas não obteve resposta.
Restrições a viagens e quarentena são métodos mais eficazes
Ricardo Mexia defende que um método mais eficaz de controlo da infecção por covid-19 “é identificar zonas de maior risco” de proveniência. “Essas terão tendencialmente de ter uma restrição de viagem ou ter mais cautelas, e relativamente aos passageiros onde não haja particular incidência da doença é manter as regras de distanciamento, higienização das mãos e uso da máscara”, explica.
“Temos de ter todas as medidas para assegurar que eles vindo, e aqueles casos que não conseguimos detetar, têm um baixo risco de disseminação da doença, nos contextos onde estas pessoas podem estar”, sublinha.
Para Ricardo Mexia a quarentena “era a medida que, dentro de todas, seria a mais eficaz, se retirarmos o não poderem viajar”. Contudo, acrescenta que isso “reduziria a possibilidade de que haja turistas que queiram viajar nestas condições. As pessoas viajarem para passar 14 dias fechados num quarto tendencialmente não é particularmente atrativo. Mas do ponto de vista do controlo da doença era uma medida mais eficaz sem dúvida, mas depois tem as limitações das sua exequibilidade”.
O Económico Madeira contactou a Secretaria Regional da Saúde, questionando sobre como vê medidas como a identificação de zonas de proveniência do vírus, a imposição de restrições de viagem a estes locais e a quarentena, e que planos possui para ambas as situações, mas não obteve resposta.
Controlo da pandemia parte do cidadão
Apesar das restrições de viagens e da quarentena serem métodos de controlo da pandemia, Ricardo Mexia diz que o cidadão também tem de cumprir o seu papel. “temos a responsabilidade de manter distanciamento, uso da máscara, etiqueta respiratória, e higienização”, reforça.
Ricardo Mexia diz ainda que medidas como limitações, separações físicas, horários diferenciados, podem ajudar a a reduzir o contágio por covid-19.
O membro do gabinete de crise da Ordem dos Médicos sublinha que os Estados e as regiões devem “implementar soluções para controlar o problema de forma célere, ter capacidade de identificar casos suspeitos, fazer o seu diagnóstico, colocar os casos em isolamento e os contactos em quarentena. E isto de forma ágil”.
Ricardo Mexia defende que estas são intervenções, a vários níveis, desde o cidadão, empresas, e Estados e regiões, que contribuem para evitar a disseminação da doença. “Estamos numa situação em que não está em cima da mesa erradicar o problema. Temos de garantir que o número de casos é baixo e que não gera um problema de maior dimensão”.
[frames-chart src=”https://s.frames.news/cards/coronavirus-em-portugal/?locale=pt-PT&static” width=”300px” id=”1182″ slug=”coronavirus-em-portugal” thumbnail-url=”https://s.frames.news/cards/coronavirus-em-portugal/thumbnail?version=1593725057006&locale=pt-PT&publisher=www.jornaleconomico.pt” mce-placeholder=”1″]
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com