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Covid-19: Paragem da construção vai gerar perdas de 1,8 mil milhões

Os presidentes da AICCOPN e da AECOPS, respetivamente, Manuel Reis Campos e Ricardo Pedrosa Gomes, alertam que num cenário de paralisação das obras, o setor nacional da consrtrução sofrerá um impacto desastroso nas empresas e nos postos de trabalho que assegura.
19 Março 2020, 07h50

O cenário de paralisação do sector da construção em Portugal deverá representar perdas de faturação de cerca de 1,77 mil milhões de euros, de acordo com as estimativas efetuadas pela AICCOPN/ACOPS, a organização representativa deste setor de atividade.

“Numa primeira estimativa, tendo por referência os dados relativos ao mês de março de 2019, a paralisação da atividade geraria uma redução de 1,77 mil milhões de euros no volume de negócios, mantendo-se uma despesa mensal a suportar de 435 milhões de euros, relativos aos encargos com salários e remunerações dos 306 mil trabalhadores atualmente registados ao serviço das empresas de construção, a que haverá ainda que acrescer 58 milhões de euros de encargos mensais de financiamento destas empresas junto do setor financeiro”, alerta um comunicado da AICCOPN/AECOPS.

O mesmo documento avisa que, “num cenário de paralisação das obras, setor sofrerá um impacto desastroso nas empresas e nos postos de trabalho que assegura”.

“A AICCOPN/AECOPS alertam para os pesados impactos da crise gerada pelo surto de Covid-19 nas empresas do setor da construção, uma vez que qualquer paragem da atividade gera um efeito imediato de suspensão dos pagamentos. Com efeito, regra geral, as empresas do setor não têm ‘stocks’ para venda durante o período de crise, nem existe a possibilidade de colocar os trabalhadores em regime de teletrabalho pelo que, o efeito na tesouraria deste tecido empresarial é uma realidade incontornável e muito significativa”, justifica o referido comunicado.

De acordo com os responsáveis da AICCOPN e da AECOPS, respetivamente presididas por Manuel Reis Campos e Ricardo Pedro Gomes, “num cenário de suspensão das obras, a tesouraria das empresas de construção sofre um impacto direto estimado em 493 milhões de euros, gerando uma crise de liquidez imediata, com impacto transversal que seria um verdadeiro desastre económico e social”.

“Neste contexto, a AICCOPN/AECOPS querem ver implementadas medidas imediatas, orientadas para a gestão de tesouraria e de recursos humanos: acesso sem burocracias e regras desnecessárias às ‘linhas de crédito Covid-19’ e ao regime de ‘lay-off’ simplificado”; suspensão, por dois meses, das obrigações fiscais e contributivas como, no imediato, o pagamento do IVA e contribuições para a Segurança Social; estabelecimento de uma moratória, por um prazo de três meses, das dívidas das empresas à banca, no âmbito dos contratos de crédito em curso; pagamento imediato a todos os fornecedores do Estado, independentemente dos prazos de pagamento contratualmente definidos e/ou constantes da faturação dos respetivos bens e serviços; adiantamento do pagamento pelos donos de obra pública de parte ou da totalidade dos trabalhos não executados, nos termos do plano de trabalhos aprovados, decorrentes da suspensão das obras por efeitos da atual crise e possibilidade de recurso a “’modalidades de ‘factoring”, junto do sistema financeiro, para trabalhos contratados, previstos e não executados”, encam as duas associaçõe s empresariais do setor da construção.

No entender destes responsáveis, “a fileira da construção e do imobiliário, responsável por mais de 600 mil trabalhadores, dos quais, mais de metade, se encontram ao serviço das empresas de construção, vai desempenhar um papel central na tarefa de reconstruir a economia portuguesa, pelo que, é necessário, de imediato, dotar as empresas de instrumentos que lhes permitam fazer face às dificuldades atuais e que, lamentavelmente, se perspetivam para os próximos meses”.

“As medidas propostas visam proteger as empresas e os seus trabalhadores, mitigando os danos económicos e sociais desta situação totalmente extraordinária e, recordando que a suspensão da atividade é meramente temporária, já que, previsivelmente, as obras em curso serão retomadas. As associações referem que estes são apoios transitórios que podem ser, em larga medida, geridos numa lógica de gestão de tesouraria e, esperam que o Governo, que tem revelado um elevado grau de preocupação com os impactos da crise junto das empresas, possa dar uma resposta efetiva a esta situação sem precedentes, que nos deve unir a todos na implementação das soluções necessárias”, conclui o referido comunicado.

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