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Covid-19: Portugal vai começar a produzir ventiladores: 500 até final de maio, 10 mil depois

António Costa visitou estes dois centros tecnológicos, o CEiiA e o CITEVE – Centro Tecnológicos e das Indústrias do Têxtil e do Vestuário, durante o dia de hoje, dia 27 de março, e sublinhou o empenhamento dos industriais na procura de soluções.
27 Março 2020, 17h53

A indústria portuguesa vai começar a produzir ventiladores para fazer face ao surto do coronavírus.

O projeto está a ser trabalhado em conjunto entre a comunidade médica nacional e a indústria portuguesa, com a coordenação do CEiiA – Centro de Engenharia e Desnvolvimento.

Em paralelo, está também prevista a reconfiguração industrial de algumas unidades do setor têxtil e de vestuário nacional para produzir equipamentos de segurança contra o vírus.

António Costa visitou estes dois centros tecnológicos, o CEiiA e o CITEVE – Centro Tecnológicos e das Indústrias do Têxtil e do Vestuário, durante o dia de hoje, dia 27 de março, e sublinhou o empenhamento dos industriais na procura de soluções.

“Tem havido um trabalho de investigação do apoio à confeção da moda para o apoio à confeção seja de equipamentos de proteção individiual, seja de máscaras de proteção, seja de toucas, seja de botas, seja de diverso equipamento. A indústria têxtil nacional tem capacidade de poder produzir para responder e apoiar desde logo os profissionais de saúde, mas também outros profissionais que requerem ter maior nível de proteção individual”, destacou o primeiro-ministro.

António Costa destacou: “E aqui, o Centro Tecnológico da Indústria do Automóvel e da Aeronáutica [anterior designação do CEiiA] está hoje convertido e focado no projeto que é poder criar a prototipagem necessária para a produção em Portugal de ventiladores”.

“Como sabemos, esta epidemia vai exigir um número crescente de ventiladores, quer seja do Serviço Nacional de Saúde, seja noutras unidades hospitalares. E essa produção e aquisição é uma batalha que hoje, a nível mundial, todos travamos para conseguir chegar primeiro ao fornecedor e conseguir comprar primeiro o material que está em falta. É, por isso, muito importante podermos ter este projeto (…), tem a previsão de até ao final de abril poder produzir os primeiros 100, até ao final de maio produzir (…) 400, e a partir daí poder descentralizar para a indústria nacional de forma a que nos próximos seis meses possam ter 10 mil ventiladores em produção”, revelou António Costa.

O primeiro-ministro destacou ainda que este “é um exemplo de como mobilizando as nossas capacidades e os nossos recursos, aquilo que é ‘know-how’, aquilo que a nossa indústria já está habituada e sabe fazer, reaproveitando muito daquilo que são componentes que já existem em Portugal ou que já são fabricados pela indústria nacional, podemos responder a um desafio que é fundamental, que é reforçar as condições de proteção individual de quem está na linha da frente, que são os profissionais de saúde, quem está a dar apoio, desde as forças de segurança, bombeiros, outros agentes de proteção civil, Forças Armadas, mas também outras profissões, desde a indústrioa agroalimentar ou até às pessoas ques estão no comércio, necessitam, ou até por uma questão de sentimento de segurança, precisam deste material”.

“E também os ventiladores, que é um suporte absolutamente vital e que é necessário reforçar a capacidade que temos, tendo em conta que para além da sua colocação na infraestrutura tradicional dos hospitais tradicionais, poderemos ter de vir a recorrer aos hospitais de campanha que estão a ser montados e onde, para isso, temos de multiplicar muito a capacidade e a disponibilidade dos ventiladores”, sublinhou António Costa.

O primeiro-ministro prosseguiu: “Queria, por isso, agradecer quer aos centros de investigação, quer à indústria nacional, pelo esforço grande que estão também a fazer, para contribuir desta forma ativa para podermos enfrentar esta pandemia”.

“E a demonstrar que ainda bem que os estímulos na formação e na educação, na investigação científica, no desenvolvimento tecnológico [foram feitos], porque como vemos nestes momentos críticcos, essa capacidade e esse conhecimento têm depois múltiplas aplicações. Não se aplica só às asas do KC-390 ou à indústria automóverl, porque depois esta aplicação a um ventilador é fundamental para decidir se uma pessoa consegue ter apoio à sustentação de vida, ou não tem, para além de se fazer fatos, casacos, saias ou vestidos, ter também a capacidade de produzir, em tempo útil, os equipamentos de proteção individual”, destacou o chefe de Executivo.

Em relação aos ventiladores, António Costa referiu que existem em Portugal 1.142 ventiladores na rede pública, excetuando os que estão afetos a blocos operatórios, a unidades de queimados ou outras unidades específicas. Mesmo assim, nem todos esses mais de mil ventiladores não estão todos disponíveis para os infetados com a Covid-19.

Por seu turno, José Rui Felizardo, presidente do CEiiA, agradeceu a contribuição da comunidade médica na fase de conceção do produto, na fase do teste do produto e, depois, na fase de operação do produto.

“Em função disto nós realmente conseguimos concentrar em muito pouco tempo o desenvolvimento do produto, do ventilador mecânico Prazivo. Corresponde, aproximadamente, a 15 dias de desenvolvimento para chegar a um protótipo para ser industrializável. Para isso, foi fundamental envolvermos, quer a comunidade médica, quer a indústria nacional, quer a engenharia do CEiiA”, destacou José Rui Felizardo.

O presidente do CEiiA rematou sublinhando que, “do ponto de vista do ‘timing’, teremos até ao final do mês de abril um objetivo muito ambicioso, que é conseguirmos industrializar a versão V1, com 100 ventiladores: a versão V2 até ao final de maio, com 400 ventiladores, e depois, com a escalarização deste processo para a indústria, envolvendo cerca de 10 mil ventiladores”.

“É um objetivo que nos propomos, e penso que, quer pelo envolvimento da comunidade médica, quer da nossa indústria, é possível atingirmos. Não estamos a trabalhar em três turnos, estamos a trabalhar num longo turno e esse longo turno ultrapassa muitas vezes as 14 horas de trabalho para conseguirmos atingir este objetivo e com a motivação toda que é necessária para o poder ter”, concluiu José Rui Felizardo.

Contactado pelo Jornal Económico, o CEiiA escusou-se a revelar mais pormenores sobre este projeto.

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