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CP está pressionada pelo crescimento do turismo

“Tivéssemos nós mais comboios, transportaríamos muito mais turistas. Quer nos urbanos de Lisboa e do Porto, quer nalguns regionais e também muito no longo curso. Os Alfa andam pejados de turistas, com elevadas taxas de ocupação”, revelou Carlos Gomes Nogueira.
  • Cristina Bernardo
20 Setembro 2018, 11h00

O Jornal Económico prossegue hoje a série de trabalho decorrente das audições parlamentares recentes ao presidente da CP, Carlos Gomes Nogueira, e ao ministro da tutela setorial, Pedro Marques.

O atual presidente da CP reconheceu, na audição do passado dia 4 de setembro, que a transportadora ferroviária nacional, entre vários problemas que enfrenta, está a ser pressionada pelo crescimento do turismo em Portugal.

“Há aqui o advento do turismo, que desempenha um papel relevante na procura. Os turistas viajam para aqui em modo aéreo e depois gostam muito nas suas deslocações ao longo do país de utilizar o modo ferroviário. Gostam, muito”, admitiu Carlos Gomes Nogueira.

O presidente da CP sublinhou nessa audição que “os comboios [da CP] andam cheios de turistas”, uma preocupação acrescida quando a CP tem restrições ao nível do material circulante, que levaram ao aluguer de equipamento à congénere espanhola Renfe, aguardando-se o lançamento de um concurso público internacional para a aquisição de 22 composições, cuja entrada em funcionamento só deverá ocorrer em 2023.

“Tivéssemos nós mais comboios, transportaríamos muito mais turistas. Quer nos urbanos de Lisboa e do Porto, quer nalguns regionais e também muito no longo curso. Os Alfa andam pejados de turistas, com elevadas taxas de ocupação”, revelou Carlos Gomes Nogueira na referida audição à Comissão Parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas.

O crescimento do turismo também tem contribuído para a recuperação do número de passageiros transportados pela CP nos últimos anos, invertendo os números em baixa registados nos piores anos da crise.

Desde o pico verificado em 2008, com 136 milhões de passageiros transportados, a CP entra em rota descendente neste capítulo, passando a 131 milhões de passageiros em 2009.

Em 2010, registou-se uma ligeira retoma, para um total de 134 milhões de passageiros, tendo baixado novamente, de forma acentuada, para 126 milhões de passageiros no ano seguinte.

A queda continuou: 112 milhões de passageiros em 2012, 107 milhões de passageiros no ano seguinte.

A retoma só começa em 2014, com um total de 110 milhões de passageiros, reforçada no ano subsequente, com 112 milhões de passageiros, regressando aos níveis de 2012.

Em 2016, a CP regista nova subida, para 115 milhões de passageiros, acentuada em 2017 para 122 milhões de passageiros.

Segundo as projeções avançadas pelo presidente da CP, este ano, pelos dados já registados no primeiro semestre, poderão resultar num total de 125 a 127 milhões de passageiros transportados, apesar de todas as dificuldades que têm sido evidenciadas no serviço da empresa nas últimas semanas.

Mesmo assim, a confirmar-se a estimativa de Carlos Gomes Nogueira, estes números ainda ficarão longe do máximo verificado em 2008, um total de 136 milhões de passageiros transportados pela transportadora ferroviária nacional.

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