Após ter sido registado o pior mês do ano, os mercados financeiros registaram em junho a melhor semana do ano, no que foi uma recuperação substancial.
Depois das guerras comerciais entre os EUA e a China e o México, os investidores ficaram assustados com um possível desmembramento das empresas tecnológicas como o Facebook, Amazon ou Google.
Os bancos centrais intervieram verbalmente e salvaram o crescente ceticismo. Desta vez foi a própria Reserva Federal Americana (FED), cujos membros aceitam que possa existir um corte de taxas de juro preventivo por forma a evitar que a expansão da economia termine abruptamente no meio de tanta incerteza. Esta nova postura da FED vem de encontro ao pedido pelo presidente Trump, que vê num apoio da FED uma arma negocial. Com efeito, se for mais duro com os seus parceiros comerciais nas negociações, terá a segurança que a FED em última análise apoiará a economia, uma vez que foi o único banco central que conseguiu ganhar alguma margem de liberdade ao conseguir que as taxas de juro se distanciassem do zero absoluto.
Do lado europeu, o BCE adotou a mesma postura, de discutir a redução das taxas de juro ou comprar activos, por forma a reanimar a economia. Se por um lado a FED tem margem de manobra, no caso do BCE parece já uma loucura inverter toda a base da economia e continuar com os experimentalismos que nos trouxeram à japonização da economia europeia, ou seja, a lado nenhum.
As taxas de depósito no BCE estão neste momento a -0,4%, aumentar o custo para os bancos, ou seja, reduzir ainda mais a taxa de juro, significaria que qualquer dia podemos pedir ao banco uma determinada quantidade de euros e devolver menos.
Nada de errado não fosse este um claro incentivo ao risco, quer por parte dos bancos, quer por parte dos aforradores, no que constitui ato de índole criminosa, uma vez que leva à criação das bolhas e das crises financeiros, que ainda hoje estamos todos a pagar.
Esta postura intransigente de serem os contribuintes, de uma forma ou outra, a resolverem os problemas da banca, origina a perda de credibilidade do sistema político e dos próprios bancos centrais. Esta penalização de aforradores obrigando-os a investir no mercado imobiliário ou financeiro, muitas vezes aceitando riscos que não compreendem, corresponde exatamente ao inverso das promessas feitas – o de proteção do sistema financeiro e dos seus depositantes.
Seria preferível dar um cheque fiscal às famílias europeias, que rapidamente fariam o dinheiro circular, do que intervir em buracos negros cujo fundo não sabemos qual é, nem tão pouco se não estaremos a pagar incumprimentos de empréstimos de entidades não europeias.
Por outro lado, as taxas de juro negativas irão criar um problema aos sistemas de capitalização públicos que assentam na rentabilidade das obrigações maioritariamente dos Estados para pagamento das pensões.
A credibilidade de todo um sistema está à prova, com os bancos centrais a não contribuírem para uma solução, mas a serem parte de um problema.