[weglot_switcher]

Credit Suisse penaliza BCP por causa da exposição à banca polaca

O primeiro ‘research’ do Credit Suisse sobre o BCP arrasa. Os suíços apontam fragilidades no capital e na rentabilidade e praticamente aconselham o banco a sair da Polónia. O preço-alvo a 12 meses são 0,15 euros por ação.
  • Miguel Maya
    Miguel A. Lopes/Lusa
12 Outubro 2021, 16h59

Foi publicada esta terça-feira a primeira nota de research do Credit Suisse sobre o BCP. Nesta análise, o banco suíço coloca o banco português em “underperform”, com um preço-alvo de 0,15 euros por ação num horizonte de doze meses. A nota de mercado está a fazer tombar a cotação do BCP mais de 4%, estando a cotar nos 0,15 euros.

O Credit Suisse acredita ainda que, a curto-prazo, o BCP terá um crescimento lento, devido à sua exposição ao mercado polaco, mais concretamente face à sua exposição ao crédito concedido em francos suíços que tem gerado litigância por parte dos clientes o que obriga constantemente a constituir provisões para riscos de perdas de processos em tribunal, o que tem consumido a rentabilidade do banco polaco do BCP.

Mas não só: o Crédit Suisse também invoca as preocupações em relação à baixa folga de capital e fraca rentabilidade dos capitais próprios, quando comparado com alguns dos seus pares e com o sector em geral.

“O contexto de geração de receitas de juros é mais desafiador do que o consenso estima”, alerta o Credit Suisse.

”Além de nossa visão estrutural cautelosa sobre a NII (margem financeira) do sul da Europa, achamos que as estimativas de consenso subestimam os ventos contrários da emissão títulos de Tier 2 e AT1 (dívida subordinada que serve para reforçar o rácio de capital)”, diz o Credit Suisse que se mostra pessimista face ao ambiente operacional do Millennium bcp.

O banco suíço analisou não apenas a margem financeira da atividade comercial core mas também a carteira de títulos do governo e as operações de refinanciamento de longo prazo (TLTRO) a baixo custo do Banco Central Europeu que o BCP tem no balanço.

“Continuamos mais cautelosos do que o consenso sobre as perspetivas de receita, especialmente na margem, para o qual vemos riscos assimétricos, com perspetiva negativa  decorrente do fim próximo dos atuais benefícios resultantes dos Targeted longer-term refinancing operations, conhecidos por TLTRO. Também permanecemos cautelosos quanto à perspetiva de uma resolução final na questão das hipotecas em francos suíços polacas, onde vemos um cenário de incerteza prolongada potencialmente pesando sobre o valor das ações. No entanto, uma resolução do problema e/ou potencialmente sair das suas operações não essenciais poderia desbloquear valor no nível do grupo”, defendem os analistas suíços.

A limpeza em curso do balanço que o BCP está a fazer limita o retorno do capital, aponta ainda o Crédit Suisse.

“Entre os seus pares do sul da Europa, o BCP tem o rácio de crédito malparado mais elevado e um rácio de cobertura abaixo da média. Embora esperemos que a gestão alcance a sua meta de NPL ao longo do horizonte do seu plano de negócios, o BCP permanece no modo de “construção de capital” no curto prazo, portanto, vemos uma subida limitada tendo em conta as suas modestas expectativas de retorno de capital durante o período da previsão”, dizem os analistas sobre o banco liderado por Miguel Maya.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.