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Crédito Agrícola admite “a prazo” fechar “uma série de agências no Interior”

Em causa está a deslocalização de pessoas do Interior para as grandes cidades, que tem obrigado o banco a repensar a sua gestão no sentido de valorizar e dar rentabilidade aos balcões que tem nas áreas mais interiores do país.
15 Abril 2019, 07h32

O presidente do Conselho de Administração Executivo do Crédito Agrícola, Licínio Pina, admite “a prazo” a possibilidade de vir a fechar vários balcões no Interior. Em causa está a deslocalização de pessoas do Interior para as grandes cidades, que tem obrigado o banco a repensar a sua gestão no sentido de valorizar e dar rentabilidade aos balcões que tem nas áreas mais interiores do país.

Numa intervenção no observatório “As oportunidades da Interioridade”, promovido pelo Jornal Económico e o Crédito Agrícola, Licínio Pina, presidente do Conselho de Administração Executivo do Crédito Agrícola, alertou para os desafios que a demografia coloca às instituições financeiras, como é o caso do banco a que preside.

“A missão do Crédito Agrícola é promover o desenvolvimento regional, mas identificamos o risco de a curto ou médio prazo que o banco pode correr dados os movimentos demográficos que têm existido nos últimos anos, com a deslocalização de pessoas do Interior para as grandes cidades, o que cria novos problemas nessas cidades, com a pressão demográfica que se cria”, afirmou Licínio Pina.

Licínio Pina avançou que o banco tem feito “um caminho de regestão do banco” no sentido de valorizar também os balcões da Caixa Agrícola no Interior, através de um esquema dos chamados “sindicatos do crédito interno”. “A Caixa central pesquisa oportunidades de grandes investimentos em empresas nacionais e distribui o esforço, quer de capital quer de liquidez, por diversas Caixas, dando sustentabilidade às Caixas no Interior”, explicou.

“Temos de dar rentabililidade a essas instituições de modo a que elas se robusteçam em capital e suportem os riscos, nomeadamente, o demográfico”, afirmou o presidente do Conselho de Administração Executivo da instituição, notando que “a prazo, [o Crédito Agrícola] pode vir a ter de abandonar uma série de agências por falta de pessoas.

O banqueiro sublinha ainda que o Crédito Agrícola tem uma grande preocupação com os territórios de baixa densidade e lembra que a sua rede de 640 balcões, está centrada “nas cidades interiores, próxima das pessoas”. “Tudo o que seja feito para valorizar o Interior, nós estamos sempre de acordo e participamos ativamente”.

 

Desafios da Interioridade

No observatório “As oportunidades da Interioridade”, estiveram ainda presentes o secretário de Estado da Valorização do Interior, João Paulo Catarino; o diretor executivo da TerraProjetos, João Pereira; o coordenador do Programa Novos Povoadores, Frederico Lucas; e o CEO da Fábricas Lusitana, António Trigueiros de Aragão. A moderação esteve a cargo do jornalista e diretor-adjunto do Jornal Económico, Shrikesh Laxmidas.

O secretário de Estado veio garantir que o Governo tem investido cada vez mais no Interior e garantiu que “mais de 90%” das 164 medidas apresentadas, em junho do ano passado, para apoiar o desenvolvimento das regiões mais interiores do país estão concluídas.

Já Frederico Lucas veio sublinhar que “há muitas pessoas que querem viver no Interior” mas que esta “tem de estar sustentada nas competências”. “Não podemos idealizar que no Interior, somos bons em qualquer coisa”, afirmou. João Pereira fez notar que o Interior representam 80% do país e que “qualquer discriminação positiva afeta grande parte do país”.

António Trigueiros de Aragão diz que falta “caracterizar o Interior” e cada região e criar políticas de longo prazo para desenvolver as regiões mais interiores do país. “É preciso concentração e diversificação”, afirmou, dizendo que as medidas apresentadas pelo Governo “do ponto de vista prático essas medidas não são nada”, mas têm servido para colocar a interioridade em cima da mesa de discussão.

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