Desde há vários anos que, o famoso acrónimo para crédito malparado – NPL – tem merecido lugar de destaque nos vários debates sobre o risco financeiro sistémico do sistema bancário europeu.

Apesar de as economias europeias terem sido severamente afetadas pelo malparado, os países do Sul da Europa são, atualmente, os mais afetados. Portugal, Espanha, Grécia e Itália encontram-se focados nos seus processos de desalavancagem, apesar de estarem em fases distintas e com diferentes estratégias para atingir o objetivo comum.

Se por um lado, Espanha e Grécia reduziram o malparado através de uma profunda reestruturação do sistema bancário, Portugal focou-se na alienação de carteiras de crédito.

Durante o mês de março, o malparado em Portugal atingia os €24,4 mil milhões depois de, em junho de 2016, ter registado um total de €50,5 mil milhões. Um dos principais fatores desta evolução foi o aumento de transações de carteiras nos últimos três anos.

O ano de 2018 foi intenso na venda de malparado por parte dos bancos, batendo-se todas as expetativas iniciais, tendo sido alienado um total de sete mil milhões de crédito malparado. O Novo Banco foi a instituição que mais contribuiu para este resultado, com a venda de carteiras de dimensão significativa, como foi o caso do Projeto Nata, com um GBV de €2,2 mil milhões e do Projeto Viriato, avaliada em €650 milhões. Também a Caixa Geral de Depósitos esteve bastante ativa no mercado, com a alienação de várias carteiras com um valor próximo de €2,0 mil milhões.

Em virtude dos números alcançados no ano transato, e face ao elevado stock de malparado no balanço das principais instituições financeiras, estima-se que o montante transacionado, em 2019, volte a bater recordes. O Novo Banco já concluiu a alienação de 2 carteiras, o Projeto Nata 2, avaliado em €2,7 mil milhões, à Davidson Kempner e, uma carteira de imobiliário, avaliada em €400 milhões à Cerberus.

Não há dúvida de que se trata de um mercado promissor e atrativo para os grandes investidores, e onde se prevê que Portugal continue a ter um lugar de destaque, pelo menos, nos próximos dois anos.