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Crise na Ucrânia: Putin acusa Poroshenko de eleitoralismo

Presidente norte-americano ameaçou homólogo russo de cancelar encontro bilateral na cimeira do G20. Putin pediu auxílio a Angela Merkel para resolver a crise.
28 Novembro 2018, 08h54

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, disse esta terça-feira que há uma “ameaça da guerra total” com a Rússia, depois de os seus vizinhos terem “aumentado drasticamente” a sua presença militar na fronteira, dramatizando ainda mais uma situação tensa desde a captura dos navios ucranianos no Mar Negro no domingo.

Em resposta, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que “é óbvio que tudo isso foi feito em conexão com a campanha eleitoral na Ucrânia” para a eleição presidencial, que decorre no início da primavera. Para o Kremlin, Petro Poroshenko está a usar a cruzada anti-russa para se impor aos seus adversários – dado que o tema é muito caro aos ucranianos, que têm 10 séculos de desentendimentos acumulados com os russos.

A corroborar esta teoria – por muitos considerada insólita – de Putin, está o facto de o presidente ucraniano ter tido grande dificuldade em fazer passar no Parlamento o texto que impunha o estado de exceção. Se a crise com a Rússia fosse real, diz Moscovo, os ucranianos estariam a unir-se contra a ameaça externas, mas pelos vistos não é isso que se passa.

De qualquer modo, Putin advertiu a Ucrânia contra qualquer ato “irrefletido” e expressou a sua “séria preocupação” à chanceler alemã, Angela Merkel, pedindo-lhe para pressionar Kiev a manter-se numa posição cordata.

A lei marcial, que entra em vigor esta quarta-feira em uma dezena de regiões da Ucrânia, abrirá uma janela de um mês para as autoridades mobilizarem cidadãos, regularem a atividade da comunicação social e limitarem as aglomerações públicas.

Entretanto, as capitais europeias tentam firmar uma posição comum contra Moscovo. Todos exigem a libertação de marinheiros ucranianos capturados e vários líderes afirmam a necessidade de imposição de novas sanções económicas contra a Rússia.

“A França apela às partes para que promovam um acalmar da situação e que todos mostrem moderação. Em particular, esperamos que uma iniciativa russa ajude a aliviar essa tensão”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, que estava junto do seu homólogo russo Sergei Lavrov.

Já as autoridades alemãs continuam a mostrar firmeza: “este caso mostra que a anexação da Crimeia continua a ser um problema de segurança para todos na Europa”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Heiko Maas, pedindo que “a Rússia respeite o direito internacional novamente e que não viole a soberania territorial dos seus vizinhos”.

Finalmente, e aumentando o tom contra Vladimir Putin, Donald Trump ameaçou cancelar a reunião programada para este fim-de-semana entre os dois na cimeira do G20 na Argentina. O presidente dos Estados Unidos disse que espera um relatório dps seus assessores de segurança nacional, cujas conclusões serão “decisivas”.

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