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Crise na Venezuela cria tensão entre Presidente e Governo de Itália

“Não pode haver incerteza e nem dúvidas: a opção é entre a vontade popular e desejo de democracia genuína, por um lado, e por outro a violência da força”, disse o chefe de Estado italiano na abertura de um centro de refugiados em Roma.
4 Fevereiro 2019, 14h33

O Presidente da Itália, Sergio Mattarella, disse hoje que não pode haver dúvidas entre a “democracia” e a “força” e pediu ao Governo italiano que adote uma posição oficial sobre a crise na Venezuela.

“Não pode haver incerteza e nem dúvidas: a opção é entre a vontade popular e desejo de democracia genuína, por um lado, e por outro a violência da força”, disse o chefe de Estado italiano na abertura de um centro de refugiados em Roma.

Este pedido do Presidente italiano por uma postura oficial do Governo italiano acontece depois de vários países europeus, incluindo Portugal, terem reconhecido hoje o líder da Assembleia Nacional venezuelana, Juan Guaidó, como Presidente interino da Venezuela.

O Presidente acrescentou que é uma situação “que exige um senso de responsabilidade e clareza” numa linha compartilhada com todos os aliados e parceiros da União Europeia (UE).

Para Mattarella, a situação na Venezuela é relevante mesmo para a Itália, devido aos laços estreitos entre os dois países “para tantos italianos que vivem na Venezuela e tantos venezuelanos de origem italiana”.

As palavras de Mattarella surgem enquanto o Governo de coligação – formado pela Liga (extrema-direita), de Matteo Salvini, e o partido antissistema Movimento Cinco Estrelas (M5E), de Luigi di Maio – continua sem adotar uma posição oficial a respeito do Governo do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, numa aparente divisão entre os parceiros.

Os eurodeputados italianos da Liga e do M5E abstiveram-se na votação do Parlamento Europeu que na semana passada reconheceu Juan Guaidó como Presidente interino.

Di Maio, um dos vice-presidentes do Governo italiano, defendeu claramente a recusa de seu Governo em reconhecer Guaidó como Presidente interino da Venezuela, porque “não foi eleito pelo povo”.

“A mudança é decidida pelos cidadãos venezuelanos, estamos do lado da democracia e, portanto, temos de criar todas as condições para favorecer novas eleições”, disse Di Maio ao comentar a votação do Parlamento Europeu.

Di Maio explicou que o seu Governo não reconhece também Maduro e que a única coisa que apoia são “eleições democráticas que estabeleçam quem dirigirá a Venezuela”.

O líder do M5E argumentou que no passado foram cometidos erros com as “intervenções dos Estados Ocidentais em outros Estados” e que o principal interesse é “evitar uma guerra na Venezuela”.

Também o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, falou na semana passada e alertou a comunidade internacional que “não é prudente” apoiar uma das partes nesta crise venezuelana.

“Quando há uma crise deste tipo, não consideramos apropriado precipitar-se a reconhecer investiduras que, em qualquer caso, não passaram por um processo eleitoral”, disse Conte, para quem esta postura “não significa absolutamente” que a Itália apoia o Presidente venezuelano Nicolas Maduro.

Os senadores do Partido Democrático, na oposição, apresentaram hoje uma moção sobre Venezuela pedindo ao Executivo que se comprometa a reconhecer Guaidó como Presidente interino “para celebrar num curto espaço de tempo novas eleições livres” e criticaram o “isolamento insuportável” Itália nesta crise.

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