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Cristina Casalinho: “2021 é uma preocupação em termos de amortizações de dívida”

A presidente do IGCP afirmou o que perfil de amortizações da dívida pública portuguesa continua a ser “desafiante “, mas sublinhou que o Tesouro tem vindo a conduzir operações para ‘suavizar’ esse perfil, incluindo os pagamentos antecipados ao FMI.
  • D.R.
15 Novembro 2018, 10h34

A estrutura da dívida pública portuguesa melhorou nos últimos anos com o aumento da maturidade média e a descida da taxa de juro implícita, mas o perfil de amortizações continua a ser “desafiante”, afirmou esta quinta-feira Cristina Casalinho, presidente do IGCP- Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública.

“Temos vindo a fazer um exercício de gestão para suavizar o perfil de amortizações, mas esse perfil ainda é algo desafiante”, afirmou a presidente do organismo que gere a dívida pública portuguesa, num evento sobre M&A organizado pela Mergermarket.

“2021 é ainda uma grande preocupação [em termos de amortizações] e é por isso que temos sido tão vocais sobre o interesse em pagar antecipadamente os empréstimos do Fundo Monetário Internacional”, adiantou, sublinhando que o Tesouro já amortizou antecipadamente a parte mais cara dos empréstimos a essa instituição, precisamente porque permitiu reduzir o fardo das amortizações nesse ano.

O Tesouro emitiu esta quarta-feira 1.250 milhões de euros em dívida a cinco e 10 anos, numa operação com o objetivo de financiar mais um reembolso antecipado ao FMI.

No mês passado, o secretário de Estado Adjunto e das Finanças Ricardo Mourinho Félix tinha anunciado, em entrevista ao Jornal Económico, que o Governo pretendia pagar mais dois mil milhões ao FMI ainda este ano.

Tapering com impacto menor

Cristina Casalinho acrescentou que os intervenientes no mercado estão preocupados sobre a eventual subida das taxas de juro no próximo ano, com a reversão da política monetária acomodatícias, e como isso poderá afetar a tendência de descida do stock da dívida pública portuguesa.

Explicou que Portugal beneficia de uma maturidade média da dívida bastante long, de cerca de oito anos, o que oferece espaço de manobra para o país se financiar. Sublinhou ainda que o IGCP tem vindo a subsituir dívida que tem cupões de 3.5% e 4% com emissões com taxas de cerca de 2%.

“Estamos atualmente em mínimos históricos em termos de custo de financiamento e vemos a estabilizar, e não a reverte, pelo menos no próximo ano”, vincou.

Sobre as preocupações em relação ao impacto do tapering, ou seja, da remoção gradual dos estímulos do Banco Central Europeu (BCE), a presidente do IGCP explicou que “Portugal beneficiou um bocado menos do outros países devido à escassez no nosso mercado, e portanto acreditamos que no futuro a exposição ao tapering também poderá ser menor do a de outros países”.

[Atualizada às 11h34]

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