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Cristina Ferreira: SIC dizia há um ano que uma das maiores dificuldades do seu negócio é conseguir reter estrelas

A SIC assumia há um ano que o “sucesso e a sustentabilidade” do seu negócio dependiam da capacidade de reter “personalidades do entretenimento”. 2020 foi o momento de viragem na estação de Paços de Arcos voltando a liderar as audiências, batendo o reinado da TVI, com o contributo do efeito Cristina Ferreira, que agora regressa a Queluz de Baixo.
20 Julho 2020, 08h15

O regresso de Cristina Ferreira foi previsto há um ano pela Impresa, a dona da SIC. A 11 de junho de 2019, a companhia divulgou o seu prospeto de emissão de dívida, onde acabou por garantir um financiamento de 51 milhões de euros, onde a apresentadora era precisamente uma das estrelas da SIC que dava a cara pela operação.

No prospeto da emissão, a Imprensa enumerou os vários riscos para o seu negócio, identificando também no documento os “riscos inerentes à retenção de talentos”.

“O sucesso e a sustentabilidade do negócio desenvolvido pela SIC depende da sua capacidade de reter colaboradores-chave e personalidades do entretenimento”, começou por destacar a SIC no seu prospeto

“A impossibilidade de a SIC conseguir atrair e reter colaboradores-chave e personalidades do entretenimento que potenciem a capacidade da SIC obter receitas publicitárias, criar conteúdos de qualidade, difundir programas exclusivos e prosseguir uma estratégia no sentido de alcançar e se manter na liderança do mercado, pode ter um impacto negativo nos negócios do emitente ou nos resultados das suas atividades”, sublinhava a empresa a 11 de junho de 2019.

A apresentadora saiu da TVI no verão de 2018, e começou a apresentar o Programa da Cristina na SIC a 7 de janeiro de 2019.

As boas notícias chegaram no início de março, quando foi confirmado que a SIC fechou fevereiro a liderar a quota de mercado televisivo, colocando assim fim a mais de 12 anos de liderança da TVI. Desde 2006 que a estação de Paços de Arcos não vencia um mês completo.

No início de 2020 foi confirmado o efeito Cristina na SIC, com a estação a fechar o ano a liderar as audiências, com uma quota média de 19,2%, contra os 15,6% da TVI, segundo os dados apresentados pela GfK para a CAEM.

“2019 ficou marcado pela mudança histórica na liderança das audiências em Portugal: 15 anos depois, a SIC torna-se na estação líder em Portugal e termina o ano com 19,2% de share, mais 3,6 pontos percentuais do que a TVI, estação que ficou em segundo lugar”, segundo comunicao da Imprensa em janeiro de 2020.

Os bons resultados têm se mantido este ano. No início de maio a empresa anunciou que liderava as audiências há 100 dias consecutivos, batendo um recorde com 20 anos, que tinha sido atingido pela própria estação a 5 de maio de 2000.

A SIC anunciou no início de maio que era “líder há 15 meses consecutivos e lidera no ano de 2020 com 20,2% de ‘share'”. A empresa apontou mesmo que os “10 programas mais vistos da televisão portuguesa em março e em abril foram todos na SIC”.

A Media Capital anunciou na sexta-feira passada o regresso da apresentadora Cristina Ferreira depois de dois anos na SIC. “Cristina Ferreira regressa à TVI como Diretora de Entretenimento e Ficção, tendo já manifestado a sua intenção de compra de participação na Media Capital, com o intuito de vir a tornar-se também acionista do canal televisivo”, segundo o comunicado da dona da TVI.

O Correio da Manhã avançou no sábado que a apresentadora vai ganhar cerca de três milhões de euros por ano na TVI, 2,6 milhões de salário base e 400 mil em contrapartidas publicitárias. Além do cargo de diretora, Cristina Ferreira vai passar a ser administradora não executiva da TVI, com uma participação de 1% a 2% da Media Capital, segundo o CM.

Na tarde de sexta-feira a SIC reagiu à saída de Cristina Ferreira, dizendo que foi “unilateral”, “abrupta” e “surpreendente”.

Mais tarde, na noite de sexta-feira, o Expresso noticiou que a estação televisiva de Paços de Arcos pode vir a exigir o pagamento de, pelo menos, quatro milhões de euros pela saída da apresentadora antes do fim do seu contrato, em 2022. Dois milhões correspondem ao valor de salário dos dois anos de contrato em vigor, e mais dois milhões relacionados com outros custos, como contratos com produtoras e acordos feitos com marcas.

Já no sábado, a senhora televisão veio a público explicar porque é que saiu da estação de Paços de Arcos para regressar a Queluz de Baixo. ” Um dia alguém me disse que a casa mãe precisava de mim. Olhei e percebi que fazia lá falta”, escreveu Cristina Ferreira nas redes sociais no sábado.

Também no sábado, a Media Capital veio a público informar que “Cristina Ferreira manifestou junto do acionista Prisa a intenção de adquirir uma participação no capital social da sociedade”, sem no entanto avançar de quanto poderá ser esta participação.

O Correio da Manhã avançou no sábado que a apresentadora poderia vir a ter uma participação de 1% a 2%. O jornal também avançou que as negociações para o regresso da apresentadora foram lideradas pelo empresário Mário Ferreira, que detém 30% do capital da Media Capital.

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