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CTT corta salários de gestores e suspende prémios de gestão até 2018

A austeridade chegou à gestão dos CTT. O plano de transformação operacional (2018-2019) implica um corte na remuneração da administração. Limitação a aumentos salariais dos trabalhadores e forte redução da remuneração variável dos colaboradores.
  • Rafael Marchante/Reuters
19 Dezembro 2017, 17h46

A empresa liderada por Francisco de Lacerda acaba de publicar na CMVM o seu Plano de Reestruturação (2018-2019), justificado pelo facto de globalmente, os resultados dos CTT estarem  sob pressão desde meados de 2016, “tornando indispensável um plano de transformação operacional abrangente”, diz a empresa.

Em que consiste esse plano? 25% de redução da remuneração fixa do Presidente do Conselho de Administração e do CEO – presidente executivo e 15% de redução para os restantes membros executivos e não executivos do Conselho de Administração em 2018 (versus os níveis atuais).

“Não haverá lugar a remuneração variável para a Comissão Executiva referente a 2018 (nem em 2017)”, diz a apresentação dos CTT.

É imposta a “limitação dos aumentos salariais não obrigatórios para os colaboradores em 2018 “, diz o documento.

Outra das medidas é a forte redução da remuneração variável dos colaboradores referente a 2017.

A redução de gastos não relacionados com as alavancas de crescimento, tais como TI (tecnologias de informação), rendas, utilities, comunicações e frota. Suportada pela renegociação de contratos e racionalização da utilização de serviços/instalações. O objetivo de poupança anual é de 6 a 7 milhões de euros, com impacto no EBITDA a partir de 2020.

O Plano tem o objetivo de redução este ano de cerca de 200 colaboradores equivalentes a tempo inteiro (ETIs), dos quais cerca de 140 ETIs já aceitaram nas últimas semanas, diz a empresa.

Este plano de reestruturação, que inclui a redução das remunerações da administração, estima “uma potencial redução de cerca de 800 ETI [equivalente a tempo inteiro] nas operações ao longo de três anos, em consequência da queda do tráfego do correio, de um total de 6.700 efetivos”, dos quais 6.200 efetivos e perto de 500 contratados a termo, referem os CTT em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Os CTT comprometem-se a continuar a eliminar redundâncias. Com isto os gastos estimados são de 14 milhões de euros (não recorrentes). O objetivo de poupança no programa de optimização de Recursos Humanos é de 5 a 6 milhões no EBITDA por ano a partir de 2020.

Para além deste reforço do programa de otimização de Recursos Humanos está previsto  racionalizar ativos não estratégicos, através da venda de ativos não estratégicos, poupando gastos associados com esses ativos (cerca de 30 propriedades à venda), as receitas estimadas (encaixe) são de 12 milhões a 13 milhões de euros. O valor contabilístico atual desses ativos é de 6 milhões.

Outra das medidas é a otimização da cobertura da Rede de Lojas através da conversão de lojas em postos de correio ou fecho de lojas com pouca procura por parte dos clientes. Aqui os gastos estimados são de 15 milhões (não recorrentes).

Os CTT anunciam a manutenção do número de pontos de acesso, “assegurando a proximidade com os cidadãos, qualidade do serviços e as obrigações regulatórias”.

A empresa garante redesenhar a arquitetura e a cobertura da Rede de Distribuição; ajustar a dimensão e tipologia da frota e concentrar CDPs (Centros de Distribuição Postal) e melhorar a eficiência dos processos de divisão e sequenciamento através da automatização, bem como aumentar a produtividade através da redução do absentismo.

O objetivo é melhorar a eficiência operacional.

O setor postal está a passar por um processo de rápida diversificação, encontrando-se os CTT ainda na fase inicial de tal transformação. Os operadores postais têm vindo a adaptar o seu modelo de negócio para compensar a queda estrutural no negócio de Correio. O Expresso & Encomendas e o Banco CTT estão a crescer; mas, é preciso mais tempo para que possam contribuir para a rentabilidade.

É expectável que as medidas planeadas criem um impacto positivo no EBITDA recorrente a partir do próximo ano, contrariando a queda do tráfego de correio (apesar dos gastos não recorrentes envolvidos)

Os CTT estimam que o plano de transformação operacional contribua fortemente para o EBITDA recorrente, ajudando a contrariar o impacto da queda do tráfego do correio. O impacto no EBITDA recorrente estima-se em até 45 milhões a partir de 2020.

A empresa reconhece que os resultados têm estado sob pressão em 2016 e 2017 devido à queda do tráfego de correio superior ao esperado e ao aumento dos gastos operacionais. A contínua substituição eletrónica está a impactar os rendimentos operacionais uma vez que os CTT estão ainda muito dependentes do Correio.

Os CTT têm vindo a adotar uma estratégia de diversificação do negócio “mas com atraso face ao setor, devido à ainda limitada penetração das encomendas do comércio eletrónico em Portugal e ao Banco CTT apenas ter iniciado a sua atividade em 2016”, diz a empresa.

“A contribuição do Expresso & Encomendas para a rentabilidade ainda é muito limitada e o Banco CTT continua o seu percurso para alcançar o breakeven”, assim, os CTT irão implementar um plano de transformação operacional abrangente focado no negócio postal, de forma a melhorar a rentabilidade, reforçar a qualidade de serviço e dar suporte à transformação a médio prazo da Empresa, garante a companhia.

Durante o período de investimento do plano de transformação operacional (2018-2019), o Conselho de Administração tenciona propor que a Empresa implemente uma política de dividendos alinhada com o seu Resultado Líquido, reforçado com a utilização de reservas distribuíveis.

A empresa diz ainda que os gastos operacionais do Correio têm sido pressionados dado o compromisso dos CTT com o Serviço Universal e o suporte às alavancas de crescimento (E&E e Banco CTT).

A companhia diz que o volume do correio endereçado tem estado numa diminuição continua desde 2001, sendo hoje cerca de 50% inferior a esse ano hoje é de 0,7 mil milhões de correio endereçado. E que assiste-se a uma aceleração da queda nos últimos trimestres com uma queda de 6% nos primeiros nove meses de 2017, o que compara com quedas médias de 4% entre 2014 e 2016.

Os CTT dizem no entanto que há um forte potencial de crescimento do mercado do comércio eletrónico, que continua com uma penetração reduzida em Portugal e Espanha.

(Atualizada)

 

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