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CTT tombam em bolsa após decisão de Anacom e contas positivas ainda não animaram investidores

Mexida nos preços dos Correios de Portugal está a fazer com que os investidores demonstrem uma postura muito conservadora e de expectativas face à empresa cotada.
  • João Bento, presidente executivo dos CTT
30 Julho 2019, 12h00

Os CTT – Correios de Portugal afundam esta terça-feira, 30 de julho,  3,65% para 1,92 euros – um mínimo histórico – depois de a Autoridade Nacional das Comunicações (Anacom) decretar uma redução de preços em vigor tendo em conta o incumprimento de requisitos mínimos da qualidade do serviço. A confirmar-se o tombo no final da sessão bolsista, será a quarta sessão consecutiva desde a apresentação dos resultados do primeiro semestre, em 25 de julho.

Os investidores reagem mal a mais um confronto entre a operadora postal liderada por João Bento e o regulador. A medida faz parte da decisão final relativa ao incumprimento dos valores mínimos de dois indicadores de qualidade do serviço postal universal em 2018, nomeadamente, pela demora de encaminhamento no correio azul no Continente e no correio transfronteiriço intracomunitário (dentro da União Europeia.

Na tarde de segunda-feira, a Anacom emitiu um comunicado em que anunciava a decisão final sobre os valores indicadores da qualidade do serviço postal universal verificados em 2018, “ano em que incumpriram os valores mínimos” dos dois indicadores de qualidade do serviço postal universal já mencionados

Perante o incumprimento, o regulador decidiu aplicar “uma penalidade de 0,06 pontos percentuais à variação máxima de preços permitida para 2019, ao invés de 0,085 pontos percentuais constantes do sentido provável de decisão”. Assim, os CTT terão de reduzir os preços em vigor, “uma vez que já tinham procedido à sua atualização”.

A mexida nos preços dos Correios de Portugal está a fazer com que os investidores demonstrem uma postura muito conservadora e de expectativas face à empresa cotada.

Além da redução dos preços em vigor, a operadora terá também de corrigir informação relativa a reclamações em 45 dias. Terminado este prazo, os CTT terão cinco dias úteis para enviar à Anacom os elementos que comprovem que a questão foi corrigida.

“Tendo constatado que alguns postos de correio têm dado informação incorreta aos clientes do serviço postal em matéria de livro de reclamações, com base em informação errónea ou pouco clara que recebem dos CTT, a Anacom deu a esta empresa um prazo de 45 dias úteis para corrigir a informação sobre o livro de reclamações que fornece às entidades que subcontrata para a prestação do serviço de postos de correio e que tem levado ao incumprimento do regime aplicável à matéria”. Comunicado da Anacom

De acordo com a Anacom, os correios têm de esclarecer que o livro de reclamações existente nos postos “deve ser disponibilizado independentemente de as reclamações a apresentar respeitarem a serviços postais prestados naquele posto ou não” e que, quando o serviço postal é prestado nos locais dos serviços da Administração Pública, os CTT “têm de assegurar a existência daquele livro”, bem como o cumprimento das demais obrigações.

“O prazo de 45 dias úteis estabelecidos na decisão final da Anacom vai ao encontro das preocupações manifestadas pelos CTT […], que consideram que os 30 dias úteis inicialmente determinados pela Anacom não permitiam, designadamente, a necessária adequação dos procedimentos internos, a prestação de informações e a formação adequada dos gestores dos postos de correio em funcionamento nas juntas de freguesia”. Comunicado da Anacom

Além do que foi decretado pelo regulador, pesa na ação dos investidores as contas do primeiro semestre dos CTT apresentadas em 25 de julho. Apesar de positivas, as contas não têm sido catalisador de ganhos em bolsa.

Naquele que foi o primeiro exame à gestão de João Bento, os lucros dos CTT cresceram 21%, para nove milhões de euros no primeiro semestre deste ano, 9 milhões de euros.

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