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CV Interilhas repensa renovação da frota

A empresa liderada pela Transinsular, do grupo português ETE, é concessionária desde 15 de 2019 do serviço público de transporte marítimo no arquipélago e em março, antes da crise sanitária, previa apresentar até junho passado uma solução global para renovação da frota.
15 Agosto 2020, 13h16

A administração da CV Interilhas, concessionária das ligações marítimas de passageiros e carga em Cabo Verde, assumiu hoje a renovação da frota como prioritária, mas admite que devido à crise gerada pela covid-19 será “repensada”.

A empresa, liderada (51%) pela Transinsular, do grupo português ETE, é concessionária desde 15 de 2019 do serviço público de transporte marítimo no arquipélago e em março último, antes da crise sanitária e económica desencadeada pela covid-19, previa apresentar até junho passado uma solução global para renovação da frota.

“A renovação da frota é uma das prioridades para o futuro. O ‘Chiquinho’ [primeiro novo navio, entrou ao serviço em fevereiro] foi o primeiro passo (…) O plano de renovação da frota vai ter de ser repensado face a esta nova conjuntura, sobretudo tendo em atenção quais são os custos operacionais e a idade dos navios que vamos adquirir para a operação”, afirmou, em entrevista à Lusa, Paulo Lopes, administrador-executivo da CV Interilhas.

Além do novo “Chiquinho BL”, construído em 2019 num estaleiro da Coreia do Sul, a empresa está a operar com quatro navios de armadores cabo-verdianos, que até agosto de 2019 asseguravam as ligações marítimas interilhas e que agora integram (49% do capital social) a nova empresa, que recebeu a concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga por 20 anos, após concurso público internacional.

No âmbito desse concurso, a empresa terá de substituir progressivamente os quatro navios, mais antigos e alguns que “não cumprem os requisitos”, mantendo sempre cinco em operação. Um plano que será agora para implementar “gradualmente no tempo”, no qual o “modelo de aquisição e características dos navios estão a ser repensadas”. “Está a ser repensado, mas é para avançar”, garantiu Paulo Lopes, sobre este plano.

Apesar dos impactos da covid-19, que deverá provocar uma quebra superior a 35% nas receitas da concessionária em 2020, devido à suspensão do transporte de passageiros em abril e maio e à redução da lotação dos navios em 50%, o administrador afirma que a CV Interilhas “tem prestado um bom serviço” ao país, dando como exemplo o período crítico da pandemia, após a declaração do estado de emergência no final de março.

“Garantimos o funcionamento da economia”, afirmou, explicando que o transporte de carga entre ilhas nunca deixou de ser feito, o que levou a um aumento do movimento deste tipo no último ano, apesar da quebra de 7% nos passageiros transportados.

Nas seis semanas de quase total confinamento no arquipélago, até meados de maio, a empresa transportou 9.200 toneladas de carga, incluindo 1.500 viaturas, e 705 passageiros com autorizações especiais do Ministério da Administração Interna, além de 58 pessoas entre evacuações e serviços prestados à proteção civil.

“Nem tudo é perfeito (…) fazemos o melhor que podemos nas condições que temos”, reconheceu Paulo Lopes, que faz um balanço “muito gratificante” do primeiro ano de concessão.

Ainda assim, destaca a “boa notícia” que representou a aposta, também, nas ligações às ilhas do Sal, São Nicolau e Boa Vista, que eram “mal servidas” no modelo de transporte marítimo anterior e que “apesar da crise” subiram 80%, no total de passageiros transportados, em relação ao ano anterior.

“Transportámos mais 14.000 passageiros só nesta três ilhas e apesar desta problemática da covid-19”, acrescentou.

A CV Interilhas iniciou operação em 15 de agosto de 2019, tem sido visada por fortes críticas da oposição cabo-verdiana à alegada falta de transparência na atribuição da concessão e por sistemáticas queixas, sobretudo nas redes sociais, de passageiros descontentes com o serviço, apesar do elevado crescimento do número de passageiros e carga transportados e da inclusão de novas linhas.

“Temos muito para fazer, temos de ter a humildade de perceber onde é que erramos, saber filtrar muitas das críticas, acho que temos feito um bom percurso”, assumiu ainda Paulo Lopes.

Segundo o administrador, a CV Interilhas está disponível para assumir um “papel mais ativo” no turismo interno e também prevê apostar em centros lógisticos para distribuição de carga no arquipélago.

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