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Dagong baixa ratings do Novo Banco e passa ‘outlook’ a negativo

“Consideramos que o banco está em posição de risco de incumprimento de crédito iminente nas suas obrigações de dívida, o que leva ao downgrade do Rating de Crédito de Longo Prazo. Além disso, alteramos a perspectiva de ‘Em evolução’ para ‘Negativa’, diz a agência.
  • Cristina Bernardo
27 Julho 2017, 15h42

A Dagong Europe baixou o rating de Crédito de Longo Prazo do Novo Banco S.A. (Novo Banco) e das suas subsidiárias de ‘CCC +’ para ‘C’ e mudou a perspectiva de ‘Em Evolução’ para ‘Negativo’. A classificação de Crédito de Curto Prazo permanece inalterada em ‘C’.

Esta ação de classificação surge após a avaliação realizada a 20 de abril de 2017, na qual a Dagong Europe atribuiu uma perspectiva “em Evolução” aos ratings, atribuída numa altura em que era pouco clara a informação que existia sobre o exercício de gestão de passivo (LME).

Com a recente oferta em dinheiro para recompra de dívida, anunciada esta semana, a Dagong Europe comunica a nova classificação de rating.

A 24 de julho de 2017 o Novo Banco anunciou uma oferta voluntária aos detentores de 36 séries de valores mobiliários emitidos pelo banco, para comprar essa dívida com dinheiro e aprovou a realização de assembleias extraordinárias, para votarem modificações aos termos e condições dessas emissões para um reembolso antecipado.

O banco oferece-se para comprar os valores mobiliários a preços de mercado atuais (à data da publicação da oferta pública). Mas a Dagong diz que os preços de mercado de todos os títulos têm estado sob pressão nos últimos 12 meses e em todos os casos, exceto um, estão abaixo dos valores nominais.

A transação, se bem-sucedida, impedirá perdas para os detentores das obrigações, diz por outro lado a agência.

O anúncio indica claramente que, se a transação não for bem sucedida, não haverá uma injeção de capital pelo comprador Lone Star, o banco não poderá cumprir seus requisitos de capital regulamentar e não poderá continuar a operar. Além disso, está declarado no anúncio que uma falha na operação pode resultar em ações adotadas pelas autoridades competentes dentro do Mecanismo Único de Supervisão e Mecanismo Único de Resolução, incluindo o Banco de Portugal. O resultado de tal ação é incerto e, entre outros, pode incluir medidas de resolução com resgate interno (bail-in) e, portanto, eventualmente, uma conversão de títulos em ações ou um hair-cut face ao seu valor nominal. Nesse cenário, o detentor de títulos pode enfrentar um resultado materialmente mais adverso do que o proposto nos termos da oferta pública.

Em relação a cada uma das 36 séries de valores mobiliários, o quórum exigido para cada Assembleia votar se aceita ou não a oferta não é abaixo de dois terços do valor nominal. Para ser aprovada, a resolução extraordinária relevante requer uma maioria não inferior a três quartos dos votos expressos. Se aprovado, será obrigatório para todos os detentores de títulos da série o reembolso antecipado. O exercício será considerado satisfatório se a Condição de Participação Mínima for satisfeita, e sujeita, entre outros, a um montante nominal agregado de valores mobiliários igual ou superior a 6,276 milhões de euros ou cerca de 75% do montante nominal total em circulação.

“Se as ofertas forem aceites, a transação gera perdas para a maioria dos detentores de valores mobiliários. Se não forem aceites, a possibilidade de uma medida de resolução é muito alta. Portanto, consideramos que o emissor está em posição de risco de incumprimento de crédito iminente nas suas obrigações seniores, o que leva ao downgrade do Rating de Crédito de Longo Prazo para ‘C’. Além disso, alteramos a perspectiva de ‘Em evolução’ para ‘Negativa’, pois consideramos que há grande probabilidade de default após o anúncio dos resultados da oferta a 2 de outubro de 2017″, diz a agência.

De acordo com as definições de classificação da Dagong Europe, essa classificação é atribuída sempre que “os credores são forçados a aceitar uma troca de títulos problemáticos por outros com mais segurança ou por um pacote de valores mobiliários que leva a uma menor obrigação financeira do emissor – corte nas responsabilidades financeiras do emissor –  como uma troca de dívida por capital ou por dívida com menor valor facial ou de cupão mais baixo, ou títulos com maior subordinação ou com prazo de vencimento mais longo; ou sempre que a troca parecer destinada a evitar o incumprimento do emissor”, explica a agência chinesa.

A Classificação de Crédito de Longo Prazo leva em consideração uma Avaliação à Força Financeira Individual (IFSA) de ‘c’ e a Avaliação de Suporte Externo (ESA) – ‘Low – que traduz a baixa probabilidade de poder receber apoio sistémico do Estado.

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