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Das jantes para o calçado

Q&F diversifica áreas de negócio, com a aposta na marca de calçado masculino X-92. A produção é nacional, mas é vendida fora de portas. Modelos chegaram ao mercado este Verão.
  • Foto cedida
10 Agosto 2017, 07h15

Ao cabo de 25 anos dedicados ao automóvel, tanto na venda de componentes como na competição, a Q&F decidiu reinventar-se e expandir a sua atividade para novas áreas de negócio. A primeira é o calçado. A X-92, dedicada ao público masculino, chegará ao mercado internacional em junho.

Foi em abril de 1992 que Mário Quintaneiro fundou a Q&F, apercebendo-se da oportunidade de negócio existente no comércio de jantes de liga leve em Portugal, um artigo que, à data, ainda era escasso neste mercado, mas que os portugueses cobiçavam. De início ligada exclusivamente ao mercado de componentes para automóvel – comercializando maioritariamente jantes, escapes, filtros de ar, suspensões e componentes em fibra, para citar apenas alguns –, a evolução do mercado levou a que, em 2000, a Q&F redefinisse a sua área de atuação e passasse a estar ligada ao mercado da competição automóvel, o que Rui Monteiro, responsável de Marketing da Q&F, diz ter ajudado a que a empresa crescesse e colocasse o seu cunho nas mais diferentes modalidades do desporto motorizado, registando parcerias em vários troféus e mesmo o desenvolvimento de outros, como foi o caso do Ford Transit Trophy. Atualmente, os negócios da Q&F dividem-se em 60% para a área da performance automóvel e 40% para o material de competição.

Não ficando imunes à retração do mercado ocorrida nos tempos da crise económica, Rui Monteiro afirma que a Q&F conseguiu manter um volume de faturação anual de cerca de 2,5 milhões de euros no pós-crise, devendo-se tais resultados, em grande parte, a uma forte presença internacional. Monteiro revela ao Jornal Económico que, na era da globalização, “é impossível crescer e singrar num mercado com uma visão meramente nacional”, até porque a maioria dos concorrentes da Q&F são empresas estrangeiras, o que obriga a marca lusa a ser mais competitiva e a encontrar formas de se diferenciar, nomeadamente através do oferecimento de soluções à medida e de um acompanhamento que apelidam de premium.

Expansão inusitada

No ano em que celebra o seu quarto de século no mercado, a Q&F pretende diferenciar-se ainda mais, alargando as suas atividades a novas áreas. Com vários projetos em fase embrionária, o primeiro já é conhecido e espanta por estar totalmente alheado do mundo automóvel: uma marca de calçado.

Questionada sobre o motivo desta nova aposta, Rui Monteiro declara ao Jornal Económico a Q&F sempre gostou de se reinventar e que abordar a área do calçado era uma “paixão” antiga da empresa: “Nada tem que ver com a nossa área, mas acreditamos ter uma palavra a dar neste setor”, diz o gestor.

De produção 100% nacional, a X-92 – assim se chama a nova marca, numa alusão ao ano de fundação da Q&F e à palavra “experiência” – tem já concluída a sua primeira coleção, destinada ao público masculino e cujos quatro modelos fundem aspetos vintage com características atuais. Com chegada ao mercado prevista para junho, não será fácil encontrar os modelos da X-92 nas lojas nacionais. A Q&F decidiu apostar forte nos mercados internacionais, justificando a decisão com o facto de se tratar de calçado de gama premium, elaborado com materiais de elevada qualidade, o que, afirma Rui Monteiro, terá “repercussões a nível de preço”. A aposta, para já, parece estar a ser ganha, pois o responsável de Marketing da Q&F afirma que a X-92 tem já interessados de pontos tão distantes como a Austrália e a África do Sul, mas também de vários países europeus. Além disso, está a ser desenvolvida uma plataforma de venda online.

Certo da capacidade da Q&F para responder ao desafio que a entrada num novo mercado significa, Rui Monteiro prefere não adiantar previsões de faturação para esta nova área, até porque acredita que tais previsões seriam “arriscadas e irrealistas”, uma vez que este é um mercado “completamente novo e desconhecido, que movimenta valores elevados e com uma concorrência extremamente feroz, com capacidades financeiras avultadas”, declara, acrescentando que o sucesso dependerá dos distribuidores que a empresa conseguir captar.

Para acolher este novo projeto, e as áreas de negócio que a Q&F pretende abordar a breve trecho, a empresa nacional sentiu necessidade de expandir as suas instalações, um investimento de 1,2 milhões de euros, num misto de capital próprio e recurso a crédito bancário.

Recentemente inauguradas, as novas instalações são as terceiras da empresa, que operava num espaço de 110 m2 aquando da sua fundação e depois, em 2000, passou para um de 1.500 m2. Localizadas à entrada de Alfena, no concelho de Valongo, onde a empresa esteve sempre sedeada, as novas instalações ocupam uma área total de 6.500 m2. Destes, 3.500 m2 são descobertos e incluem um parque de estacionamento para 30 viaturas e os restantes são um espaço que “concorre com os maiores a nível mundial”, como afirma Rui Monteiro, que acrescenta, em jeito de conclusão: “Ainda estamos a começar…”

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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