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Decentraland, o mundo virtual em que os terrenos já valem centenas de milhares de euros

É uma mistura entre o Facebook e o Second Life. O Decentraland é um mundo virtual onde tudo parece possível. Há quem gaste dezenas de milhares de euros por um quadrado para construir e desenvolver virtualmente tudo o que quiser.
30 Agosto 2018, 06h59

Estaria disposto a investir o seu dinheiro numa parcela de terreno virtual? E quanto estaria disponível para pagar? No Decentraland, um mundo virtual, o preço mais baixo por uma parcela de terreno com o equivalente a 100 metros quadrados – se fosse no mundo real – custa cerca de 420 euros. A mais cara que conseguimos encontrar custa atualmente quase 122.500 euros.

Os fundadores do Decentraland descrevem este projeto como uma plataforma de realidade virtual que é mantida através da tecnologia blockchain Euthereum. Os membros da plataforma formam uma comunidade que é a detentora deste mundo virtual e que está dividido em 90 mil parcelas de terreno. Cada uma corresponde a um quadrado com o equivalente a cem metros quadrados (10m x 10m). Estes quadrados compram-se no ‘mercado’ do Decentraland ,que contém uma breve descrição do terreno, as suas características principais, coordenadas e, claro, o preço.

O projeto foi pensado em 2015 por programadores argentinos que, no último trimestre de 2017, lançaram um leilão no qual colocaram à venda os primeiros terrenos. Ao todo, segundo a BBC, foram investidos 28 milhões de dólares (cerca de 24 milhões de euros), fazendo da operação a mais avultada de sempre no mercado digital da realidade virtual.

O Decentraland não aceita euros, nem dólares nem qualquer outra moeda emitida por um banco central. Todas as transações, que vão desde a compra dos terrenos até aos variados produtos e serviços disponíveis em realidade virtual no Decentraland, fazem-se com Mana, uma criptomoeda que esta segunda-feira estava a valar 0,069996 euros.

Apesar da escassez de terrenos disponíveis, as aplicações em cada quadrado são infindáveis, uma vez que o proprietário pode construir infinitamente em altura e   e sem constrangimentos. E é este o maior atractivo para os investidores, porque vêem este mundo com potencial para desenvolverem vários tipos de aplicações  que podem ir desde a prestação de serviços online offline, como marketing e publicidade, até ao retalho, colocando produtos à venda neste mundo virtual.

Com o Ethereum, a tecnologia blockchain que alicerça este mundo virtual, cada membro da comunidade tem acesso aos comportamentos, transações, ideias e projetos que outros membros têm. Assim, por exemplo, num ‘passeio’ pelo atlas ou pelo mercado digital do Decentraland, um membro pode saber a quem pertence determinado quadrado, quanto custou ou qual o projeto que o proprietário tem para desenvolver.

Apesar das oportunidades inovadoras, existem vozes a acautelar a euforia que se tem gerado um pouco por todo o mundo – o site do Decentraland pode ser lido em inglês, francês, espanhol, chinês, coreano e, brevemente, em japonês – uma vez que o projeto ainda não está consolidado. Por um lado, uma vez que a plataforma está pensada num sistema totalmente aberto e que não depende de ninguém, ao invés das redes sociais em que as respetivas empresas criadoras estabelecem regras explícitas de comportamento, o Decentraland pode dar azo a comportamentos ou atividades socialmente menos aceites; por outro lado, o sucesso deste mundo virtual vai depender da aceitação junto do público e do divertimento que proporciona.

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