[weglot_switcher]

Desemprego em queda: um dos trunfos de Centeno

Foi uma das bandeiras do Governo e os resultados excederam as expetativas. A taxa de desemprego passou para baixo dos 10% e regressou a níveis de 2008. Menos 100 mil pessoas estavam desempregadas em setembro face ao final de 2016. A queda foi mais acentuada na taxa de desemprego dos homens, mas em termos regionais a tendência foi de menor disparidade entre os vários pontos do país.
18 Dezembro 2017, 17h28

Em fevereiro, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicou um relatório no qual previa que, devido ao “baixo crescimento”, mas também a um salário mínimo mais elevado e a continuação da rigidez do mercado de trabalho, a queda do desemprego em Portugal seria “muito mais lenta do que nos últimos dois anos” e que seria provável que o desemprego continuasse nos dois dígitos, entre os mais altos da União Europeia.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, estava tão confiante que até injetou algum humor na reação.”Baixaremos do limiar dos dois dígitos. Se o fizermos, teremos de pedir desculpa ao secretário-geral [da OCDE Angel] Gurría: o relatório prevê que tal não aconteça”, disse o governante.

A confirmação chegaria passado pouco tempo. No final de março, a taxa de desemprego, segundo os indicadores mensais do Instituto Nacional de Estatística, bateu precisamente nos 10%, mas no mês seguinte já desceu para 9,5%. O nível mais baixo foi 8,5%, registado nos meses de julho e setembro. Nos dados com base trimestral, a taxa de desemprego desceu de 10,1% no final de março para 8,8% no final de junho e 8,5% no terceiro trimestre.

A tendência de queda foi transversal a todas as regiões do país. Na Região Autónoma da Madeira, a taxa desceu de 12,5% no final do primeiro trimestre para 9,3% no final de setembro. A dinâmica da descida resultou num menor desequilíbrio regional – no final do ano passado a diferença entre a taxa de desemprego mais alta (12% na Madeira) e a mais baixa (7,9% na região Centro), era de 4,1 pontos percentuais, enquanto no final de setembro o espectro era apenas de 2 pontos percentuais.

A população desempregada caiu de 543,2 no final de 2016 para 444 mil em setembro. No final desse mês, havia 236,8 mil mulheres e 207,2 mil homens registados como desempregados.

A par do forte crescimento económico e da redução do défice para mínimos de décadas, a descida do desemprego tem sido um dos resultados que o Governo mais tem mencionado nos discursos. Mário Centeno, cujo sucesso no cargo já arrebatou a liderança do Eurogrupo, ainda vê potencial para cortar no desemprego. Segundo o Orçamento do Estado  aprovado no final de novembro, o Governo prevê que o desemprego se situe em 9,2% este ano e em 8,6% em 2018. Para os dois anos seguintes as previsões do Executivo são mais antigas, datam de abril, quando divulgou no Programa de Estabilidade que previa desemprego nos 8,6% para 2019 e 8% em 2020.

O Banco de Portugal demonstra mais otimismo sobre a descida do desemprego que o próprio Governo. Segundo as estimativas do banco central, divulgadas no Boletim Económico esta sexta-feira, a taxa de desemprego será de 8,9% este ano, descendo para 7,8% e 6,7% nos dois anos seguintes, respetivamente, antes de chegar aos 6,1% em 2020.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.