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Despedimentos, cortes de salário, menos aviões: como as principais companhia aéreas europeias estão a enfrentar a crise

Depois do tráfego aéreo na Europa ter atingido quebras de quase 90% este ano, e com a recuperação a tardar com a procura a continuar fraca, as principais companhias aéreas europeias estão a proceder à reestruturação das suas operações.
29 Setembro 2020, 08h15

Alitalia

O Governo italiano anunciou em maio a injeção de três mil milhões de euros na transportadora aérea italiana.

Dos 11,132 trabalhadores da empresa, mais de metade foram colocados em regime de layoff até outubro.

Air France

A Air France planeia despedir mais de 6.560 trabalhadores até 2022 devido à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, representando 15% do total de trabalhadores.

Já a sua subsidiária Hop!, que opera voos regionais em França, planeia reduzir a sua força laboral em 1.020 pessoas.

A Air France-KLM é detida em partes iguais de 14% pelos governos francês e holandês e recebeu um resgate de 10,4 mil milhões de Paris e Haia.

O presidente exeucutivo da Air France-KLM já veio a público avisar que o resgate de mais de 10 mil milhões de euros dos governos francês e holandês só vai servir para manter a companhia a voar por menos de um ano, com Benjamin Smith a avisar recentemente que o grupo precisa de fazer “muito mais” para reduzir custos devido à crise provocada pela pandemia da Covid-19.

A Air France-KLM sofreu perdas de 1,8 mil milhões de euros no primeiro trimestre, seguida de perdas de 2,6 mil milhões de euros no segundo trimestre, com o encerramento do tráfego aéreo devido à pandemia da Covid-19.

British Airways

A companhia aérea britânica detida pela IAG já anunciou que pretende despedir 13 mil trabalhadores.

Os pilotos aceitaram também uma redução salarial temporária de 20%, que será reduzida para 8% em dois anos e para zero no longo prazo, anunciou a Associação Britânica de Pilotos no final de julho.

A empresa também anunciou que vai retirar de circulação os seus 31 Boeing 747 Jumbo, sendo a empresa que com 747-400 em todo o mundo, antecipando em quatro anos esta decisão.

Easyjet

A Easyjet anunciou que pretende despedir 4.500 trabalhadores, o que corresponde a 30% da sua força total de trabalho, de 15 mil trabalhadores.

Ao mesmo tempo, a empresa pretende retirar 302 aviões de circulação.

O fundador e maior acionista da empresa, Stelios Haji-Ioannou, já criticou a companhia aérea por não cancelar uma compra de mais de 100 novos aviões da Airbus, por um valor de 4,5 mil milhões de libras, por considerar que coloca a empresa em risco.

A Easyjet também anunciou em agosto o encerramento de três das suas bases nos aeroportos de Londres Stansted, Londres Southend e Newcastle, ficando apenas com oito bases no Reino Unido, colocando em risco 670 postos de trabalho.

Iberia

A companhia aérea espanhola detida pelo International Airlines Group (IAG) recebeu um empréstimo de 750 milhões de euros do Estado espanhol em maio.

Já a sua subsidiária Vueling recebeu um empréstimo no valor de 260 milhões de euros.

O empréstimo do banco público Instituto de Crédito Oficial tem uma duração de cinco anos, mas pode ser pago em qualquer momento.

KLM

O Governo holandês anunciou no final de junho que pretendia injetar um total de 3,4 mil milhões de euros na companhia aérea.

A Air France-KLM é detida em partes iguais de 14% pelos governos francês e holandês e recebeu um resgate de 10,4 mil milhões de Paris e Haia.

Com o número de passageiros a cair 95% para 500 mil pessoas, a empresa anunciou que pretendia reduzir a sua força de trabalho em 20% até 2022 de um total de 33 mil trabalhadores antes da pandemia.

O presidente executivo da empresa Pieter Elbers anunciou que iria reduzir o seu salário em 20% para o resto do ano.

Os membros da comissão executiva também viram cancelados o aumento dos seus salários, o pagamento da remuneração variável respetiva a 2019 vai ser adiada e prescindiram do pagamento da remuneração variável referente a 2020.

Lufthansa

O Governo alemão tomou uma posição de 20% na empresa, com o objetivo de vender esta participação em 2023, em troca de um resgate de nove mil milhões de euros.

A empresa anunciou em junho que pretendia reduzir 22 mil postos de trabalho devido à pandemia da Covid-19, com metade destes cortes a terem lugar na Alemanha. A companhia emprega mais de 135 mil pessoas atualmente, com mais de metade na Alemanha.

“O objetivo é abrir caminho para a preservação de tanto postos de trabalho quanto possível no grupo Lufthansa”, disse a empresa em junho que também decidiu retirar 150 aviões de circulação até 2025.

Como forma de reduzir os custos da empresa, os pilotos da Lufthansa decidiram sacrificar 45% dos seus salários ao longo de dois anos para reduzir a folha salarial da companhia aérea, de forma a poupar 350 milhões de euros, anunciou no final de abril o sindicato Cockpit, citado pela Reuters.

A 22 de setembro, a Lufthansa anunciou que iria reduzir ainda mais a sua força de trabalho, além dos 22 mil trabalhadores anunciados em junho, devido à continuação da quebra da procura no inverno devido à pandemia.

Ryanair

Na companhia aérea irlandesa de baixo custo, os pilotos aceitaram um corte de 20% no início de julho, com os assistentes de bordo a serem também atingidos por este corte.

Estamos a falar de 20% para os comandantes com melhores salários, 5% para os assistentes de bordo com salários mais baixos, e se chegarmos a acordo podemos evitar alguns, mas não todos os despedimentos”, disse o presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary no final de junho.

Segundo o sindicato Unite, citado pela BBC, os cortes para o pessoal de cabine foram de 5% para os salários mais baixos, 7,5% para salários superiores e de 10% para os salários mais elevados.

Os salários regressarão ao normal em duas fases, primeiro, em 2023 e depois em 2024, ou mesmo mais cedo se a atividade regressar a níveis pré-Covid mais cedo.

A empresa chegou a anunciar que iria despedir três mil trabalhadores, mas depois dos pilotos e tripulação terem aceite reduzir o salário, a Ryanair disse em agosto que este número iria “reduzir significativamente”.

TAP

A companhia aérea teve luz verde da Comissão Europeia para receber um empréstimo no valor de 950 milhões de euros, que pode chegar até aos 1.200 milhões, se a situação da companhia aérea continuar a piorar.

Em julho, o Estado português e David Neeleman chegaram a acordo para a saída do empresário norte-americano que vai receber 55 milhões de euros para vender os 22,5% que detinha na empresa, e que vai permitir o Estado reforçar a sua posição para os 72,5%.

O grupo TAP conta atualmente com mais de 10 mil trabalhadores. A empresa vai entregar até 10 de dezembro o plano de reestruturação da companhia aérea em Bruxelas. A Comissão Europeia vai depois avaliar o plano que vai ditar o futuro da empresa no curto e médio prazo.

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