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Dia D na catalunha. Puigdemont garante que vai declarar a independência

Apesar de o Tribunal Constitucional considerar essa consulta popular ilegal, mais de 90% dos catalães votaram a favor do ‘sim’ no referendo e Carles Puigdemont diz estar empenhado em fazer cumprir a “voz do povo”.
  • Juan Medina/Reuters
10 Outubro 2017, 11h27

O Governo regional da Catalunha pode vir a declarar unilateralmente a independência esta terça-feira no Parlamento catalão. O chefe da Generalitat (governo regional), Carles Puigdemont, convocou uma sessão extraordinária para analisar os resultados no referendo de dia 1 de outubro, mas a expectativa é que a sessão venha a culminar na declaração formal da independência face à esmagadora vitória do ‘sim’ à autodeterminação.

Carles Puigdemont prometeu que iria declarar a independência da Catalunha e o momento pode vir a concretizar-se esta terça-feira, dez dias depois do referendo catalão. Apesar de o Tribunal Constitucional considerar essa consulta popular ilegal, mais de 90% dos catalães votaram a favor do ‘sim’ no referendo e Carles Puigdemont diz estar empenhado em fazer cumprir a “voz do povo” (só 42% dos 5,3 milhões de eleitores exerceram o direito de voto).

“A declaração de independência, a que nós não chamamos declaração ‘unilateral’ de independência, está prevista na lei do referendo como aplicação dos resultados. Aplicaremos o que diz a lei”, afirmou Carles Puigdemont numa entrevista ao canal espanhol TV3, transmitida no domingo. “Abrimos a porta à mediação e dissemos ‘sim’ a muitas opções de mediação quando nos apresentaram (…) Os dias passam e, se o Estado espanhol não responder positivamente, nós faremos o que temos vindo fazer”.

Vários analistas alertam para os riscos económicos caso a região decida avançar mesmo com a declaração de independência, dizendo que tal seria “uma bomba para a economia catalã”. Numa semana várias empresas anunciaram a intenção de mudar as suas sedes para outros pontos de Espanha e há já uma retirada em massa de capitais das contas bancárias catalãs, devido ao clima de instabilidade e à necessidade de proteger os interesses dos acionistas, clientes e funcionários.

No mesmo dia em que o Governo espanhol aprovou um decreto-lei que possibilita que as empresas iniciem o processo de deslocação sem a aprovação da assembleia de acionistas, a Gas Natural Fenosa, o banco Sabadell e o CaixaBank anunciaram a intenção de abandonar a região. O jornal espanhol Expansión nota que mais de 20 empresas já transferiram a sua administração.

O professor de mercados financeiros da Vlerick Business School, David Veredas, indica que com esta saída das empresas, a Catalunha perdeu pelo menos 3.770 milhões de euros, o que corresponde a cerca de 0,33% do PIB catalão. A perda, de acordo com o professor, vai significar ainda o destronar da liderança da Catalunha no Produto Interno Bruto (PIB) das regiões espanholas.

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