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Dia da inauguração da nova embaixada em Jerusalém acabou com 55 mortos

O trágico balanço do dia em que Israel comemorou os 70 anos de existência é o espelho das relações de vizinhança que se estabeleceram numa das zonas do globo historicamente mais violentas.
15 Maio 2018, 07h13

Gaza viveu esta segunda-feira o dia mais sangrento desde que a onda de protestos em massa começou em 30 de março, com os palestinianos – que de lá não podem sair – a desenvolverem uma série de ações junto à linha de fronteira. Dezenas de milhares de palestinianos manifestaram-se na fronteira de Gaza com Israel contra a transferência da embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém e o dia acabou com a contagem de pelo menos 55 mortes e mais de mil feridos.

As agências noticiosas referem que o balanço das vítimas num único dia é sem precedentes desde a guerra de 2014 em Gaza. Um porta-voz do exército israelita, citado pelas agências, disse que, apesar das advertências do exército, cerca de 40 mil palestinianos participaram nos motins em mais de uma dúzia de pontos da cerca de separação da fronteira, que foi declarada zona militar fechada.

Mas as manifestações sucederam-se também no interior dos territórios palestinianos do enclave mediterrânico: uma greve geral fechou o comércio, centros oficiais e educacionais e até os hospitais foram afetados – tendo sido pedida ajuda às autoridades de saúde egípcias.

Durante os últimos sete semanas, a chamada Longa Marcha do Regresso provocou manifestações de massa na fronteira da Faixa de Gaza com Israel, que resultaram até agora com mais de uma centena de mortos e 10 mil feridos – com os soldados israelitas a responderem com fogo real (algum dele transportado por drones que sobrevoam os manifestantes a poucos metros de altura) às pedras arremessadas e pneus incendiados.

O exército tinha alertado a população palestina por meio de folhetos escritos em árabe e lançados de aviões, para que não se aproximassem da cerca de separação. Unidades de combate, forças especiais, serviços de inteligência e franco-atiradores foram enviados para a fronteira para duplicar a implantação militar existente – ao mesmo tempo que, para Jerusalém, foram enviados mais de cinco mil elementos das forças militares e policiais.

Vários líderes palestinianos insistiram para que a pressão junto da fronteira não esmoreça e que as forças israelitas continuem a ser confrontadas com os protestos da Palestina.

Entretanto, Nações Unidas, União Europeia, França, Grã-Bretanha e Alemanha, entre outros países e organizações, pediram ontem para a contenção da violência na fronteira de Gaza com Israel. Os países árabes foram convocados para uma reunião de emergência para tratar da situação na área palestiniana, ao mesmo tempo que a resposta diplomática mais contundente surgiu do lado da Turquia, como seria de esperar e de uma surpreendente África do Sul: os dois países chamaram os seus embaixadores em Israel, como forma de protesto pelo que se passou em Gaza.

 

 

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