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Dia decisivo para Kavanaugh: “Não estou aqui porque quero estar. Estou aterrorizada”

”Estou aqui porque acredito que o meu dever cívico é contar-vos o que me aconteceu enquanto eu e Brett Kavanaugh estavamos na escola secundária”. Foi assim que Christine Blasey Ford iniciou intervenção na Comissão Judicial do Senado.
27 Setembro 2018, 17h37

Está a decorrer a audiência de Christine Blasley Ford, a mulher que acusa de abuso sexual Brett Kavanaugh, candidato do presidente dos EUA ao Supremo Tribunal, em frente à Comissão Judicial do Senado, em Washington D.C.

”Não estou aqui porque quero estar. Estou aterrorizada. Estou aqui porque acredito que o meu dever cívico é contar-vos o que me aconteceu enquanto eu e Brett Kavanaugh estavamos na escola secundária”. Foi assim que Christine Blasey Ford, a iniciou esta quinta-feira a sua intervenção na Comissão Judicial do Senado.

Visivelmente nervosa, a professora de piscologia na Universidade de Palo Alto confessou que o alegado episódio de agressão sexual envolvendo Brett Kavanaugh “alterou dramaticamente a sua vida”. Quando questionada de que maneira o incidente afetou-a pessoalmente, a vítima refere sofrer de ”ansiedade, trauma, claustrofobia”  e acrescenta que nos primeiros quatro anos seguintes que teve ”dificuldades académicas e sociais”.

“Durante muito tempo, tive muito medo e sentia vergonha de contar a alguém os detalhes do que aconteceu.(…) Convenci-me a mim mesma de que o Brett não me violou”, afirmou Christine Blasey Ford perante os membros da comissão do Senado.

Questionada por 21 senadores e a procuradora, Rachel Mitchell, Ford insiste ter ”100%” que Kavanaugh atacou-a e que não esquece ”dos risos” que ecoavam no quarto onde o incidente ocorreu. “Estava debaixo de um deles, enquanto os dois se riam. Dois amigos a passarem um bom bocado”, declarou, emocionada. Sublinha que não bebeu nem estava medicada na altura do alegado incidente.

Os senadores democratas, Patrick Leahy e Dick Durbin admiram a ”coragem” de Ford e dizem estar orgulhosos de si por ter publicamente acusado Brett Kavanaugh, relembrando o caso de 91 de Anita Hill. “Eu também estava cá há mais de 25 anos quando ouvimos Anita Hill”, afirmou Leahy, “nessa altura o Senado falhou para com Anita Hill. Tenho receio que estejamos a fazer muito menos por estas três mulheres hoje.”

Os senadores terão apenas 5 minutos para questionar a arguida – 5 minutos para republicanos, 5 minutos para democratas, à vez.

Quando questionada pelo democrata Sheldon Whitehouse, o senador declarou sentir-se indignado pois  ”nunca na história das investigações prévias do FBI uma investigação não foi continuada quando surge mais informação credível sobre o candidato”.

Sublinhou que Ford tem os requisitos minimos de vitima para que a investigação continuasse e no fim rematou que “a culpa está no Presidente, no diretor do FBI e nos membros deste Comité”

O senador Chuck Grassley respondeu às acusações asegurando que foi feita uma investigação pelo Comité e que tanto Mark Judge como outras testemunhas negaram as acusações de Ford.

Foi questionada a veracidade do teste polígrafo que Ford foi submetida, onde, aparentemente, foi concluído que estava a dizer a verdade. O senador Patrick Leahy afirmou que esse teste não é a forma mais legítima de se chegar à verdade e citou Joe Biden que afirmou em 91 que “se chegámos a um ponto neste país em que um detetor de mentiras é a base a partir da qual fazemos julgamento, atingimos um dia triste para as liberdades civis”.

Na reta final da audiência, Ford foi apoiada por mais uma senadora democrata que admitiu acreditar no testemunho da vítima.

Rachel Mitchel, a procuradora presente, interrogou Christine, mais uma vez sobre a legitimidade do teste do polígrafo e quem o pagou. Desta vez, interviram os advogados dizendo que foram os próprios como ”procedimento normal”.

Não parecendo satisfeita com essa resposta, inquiriu quem estaria a pagar os dois advogados presentes na audiência. Christine respondeu dizendo que estaria aberta a possibilidade de ser uma ação pro bono no entanto, o próprio advogado interrompeu e afirmou ”estamos os dois a fazer isto pro bono e não temos nenhuma expectativa de vir a ser pagos”.

Com a audiência de Ford dada por terminada, o público norte-americano prepara-se agora para ouvir Kavanaugh.

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