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Dinamarca está cada vez mais ‘verde’. E à custa da indústria petrolífera

A Dinamarca continua o seu caminho em direção à sustentabilidade energética. O mais recente passo foi a venda da companhia de petróleo A.P. Moller-Maersk A/S à Total, um negócio de perto de 6,2 mil milhões de euros que deverá estar concluído em 2018.
29 Agosto 2017, 15h19

Anteriormente considerado um setor estratégico para o país, a par com transportadoras e portos, a indústria petrolífera está a ser trocada por alternativas sustentáveis. O exemplo mais recente é a venda das divisões de combustíveis e gás da A.P. Moller-Maersk A/S à francesa Total SA, num negócio de 6,18 mil milhões de euros que deverá estar concluído em 2018, após aprovação pelas autoridades competentes.

Este negócio surge apenas três meses depois da venda produção petrolífera da Dong Energy no Mar do Norte à alemã Ineos AG e foi considerado bem-vindo pelo governo e pelos sindicatos. Até o partido nacionalista dinamarquês, que apoia o Governo, se mostrou agradado pelo negócio.

A ironia, no entanto, é que a Dinamarca necessitará das suas receitas nestas áreas para alimentar precisamente a transição para energias limpas, no seguimento da sua estratégia de acabar com os combustíveis fósseis no país em 2050. Isso significa manter a exploração de petróleo no Mar do Norte, algo que a Total já se comprometeu fazer.

“Quanto mais dinheiro fizermos no Mar do Norte, mais teremos para gastar na transição verde”, disse em entrevista o ministro da Energia, Lars Christian Lilleholt em entrevista. De acordo com os cálculos dos ministérios das Finanças e da Economia, a que a Bloomberg teve acesso, a receita fiscal do petróleo do Mar do Norte vale apenas um décimo do que há uma década.

A DONG, anteriormente uma empresa estatal (cujo acrónimo significa Danish Oil and Natural Gas, petróleo o gás natural da Dinamarca, em tradução livre), está a usar algumas destas receitas para construir mais parques eólicos offshore, expandindo assim o seu domínio no mercado mundial das turbinas colocadas no mar.

A Dinamarca, onde tem também sede a Vestas Wind Systems A/S, a maior produtora mundial de turbinas eólicas, anuncia que mais de 40% das suas necessidades energéticas provêm de fontes renováveis, valor que quer aumentar para 50% até 2020. O “setor verde” do país emprega cerca de 67 mil pessoas, mais do dobro dos trabalhadores que laboram no Mar do Norte.

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