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Dona do Minipreço pode vender lojas fora de Espanha para salvar grupo

O Grupo DÍA, dono das lojas Minipreço e Clarel em Portugal, está a atravessar um período conturbado e que ameaçar a sua sobrevivência. Após ter sido lançada uma OPA, e depois da apresentação de resultados anuais desastrosos, a retalhista estuda todas as vias alternativas para salvar as suas operações. Uma reunião de acionistas está prevista dentro de um mês, onde a administração do grupo espera conseguir um balão de oxigénio. Caso isso não aconteça, as operações fora de Espanha não são imprescindíveis.
18 Fevereiro 2019, 10h21

Com a realização de uma assembleia geral de acionistas prevista dentro de um mês, o conselho de administração do Grupo DIA – Distribuidora Internacional de Alimentación está a estudar a hipótese de vender as lojas que detém fora de Espanha para salvar a retalhista, caso o aumento de capital de 600 milhões de euros esperado pelo presidente do grupo, Borja de la Cierva, não se concretize, noticia o “Expansión” esta segunda-feira.

Se o aumento de capital não for aprovado, o Grupo DIA estará obrigado a abrir um processo de insolvência, mesmo depois do anúncio de Oferta Pública de Aquisição (OPA) pelo fundo LetterOne e de uma extensão de um plano de financiamento de 765 milhões de euros ter sido negociado com os credores, segundo o “Cinco Días”.

Assim, a administração da empresa dona do Minipreço procura vias alternativas que assegurem a sobrevivência do grupo, após o anúncio de prejuízos de 352,6 milhões de euros em 2018 – um valor que contrasta com os 101,2 milhões de euros de lucros registados em 2017. Os resultados referentes a 2018 revelaram um decréscimo de 11,3% na vendas, para um total de 7,2 mil milhões de euros, e foram acompanhados do anúncio do despedimento de 2.100 trabalhadores das empresas DIA e Twins Alimentación, uma das filiais da empresa que gere os supermercados Maxi Dia.

Para assegurar a sustentabilidade da empresa, o CEO Borja de la Cierva espera por um aumento de capital de 600 milhões de euros para equilibrar as contas das empresas. Mas, enquanto a recapitalização ansiada por Cierva não é uma realidade, ventos de Espanha trazem a notícia de que há um plano B a ser preparado para que o grupo Dia perca os anéis e não os dedos.

O plano B consiste na venda de lojas subsidiárias do grupo fora de Espanha, uma operação que estará a cargo de doze bancos credores do Grupo DIA, conhecidos internamente como G12. Estes doze bancos, entre o Santander e o Société Générale, terão a responsabilidade de valorizar as diferentes divisões do grupo e vende-las caso o plano B seja acionado.

Para os dias 19 e 20 de março está prevista a realização de uma assembleia geral ordinária de acionistas, onde o conselho de administração espera fazer aprovar uma redução de capital de 56,02 milhões de euros, acompanhada por um aumento de 600 milhões de euros pré-assegurados pela nova-iorquina Morgan Stanley – e com direitos preferenciais de subscrição, o que poderá gerar uma diluição significativa para os acionistas que não decidam recorrer ao aumento de capital, de acordo com o “Cinco Días”. Para compensar as perdas de 191,2 milhões de euros, referentes a anos anteriores, a administração também tentará fazer aprovar a aplicação de reservas de 63,78 milhões de euros.

Em Portugal, através da cadeia de supermercados Minipreço e Clarel, o Día tem, de acordo com os últimos resultados referentes a 2018, 532, sendo 223 lojas próprias e 309 franquias.

 

Tempos conturbados para o Día

Desde o fim de 2018, que o Grupo Dia atravessa um período conturbado. Primeiro, viu os lucros líquidos para o ano fiscal de 2017 terem sido reduzidos de 110 milhões de euros para 90 milhões, em outubro de 2018; depois, em dezembro, a Comissão Nacional do Mercado de Valores Mobiliários (CNMV) decidiu suspender temporariamente as negociações do grupo Dia quando a retalhista atravessava um processo de refinanciamento da dívida com os credores.

Já em fevereiro deste ano, o investidor russo Mikhail Fridman, através da sociedade de private equity e venture capital LetterOne, lançou uma OPA sobre 70,09% da cadeia de supermercados Dia, na qual já detém uma participação de 29%. Além da OPA, o fundo controlado por Fridman planeia lançar o que foi denominado de ‘Plano de Resgate Integral’, com três fases, sendo que a primeira foi o lançamento da própria OPA.

Mais tarde, os resultados sobre o ano de 2018 foram divulgados e a sobrevivência de uma das maiores retalhistas da Península Ibérica ficou ameaçada. As retalhistas Sonae, Carrefour e Lidl, e ainda um investidor belga, estudam também a possibilidade de lançarem uma OPA ao Día. Em Portugal, a retalhista já colocou à venda as lojas Clarel.

 

[Notícia corrigida, com informação referente ao número de lojas que o Grupo Dia detém em Portugal]

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