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Donald Trump regressa ao dossiê russo e volta a pedir o fim das investigações

Depois do encontro com Putin e das críticas por preferir os relatórios dos serviços secretos russos aos da CIA e do FBI, o presidente dos Estados Unidos regressou aos ataques aos procuradores gerais que têm o caso em mãos.
  • Jonathan Ernst/REUTERS
2 Agosto 2018, 07h20

É mais um capítulo da novela russa que Donald Trump anda a escrever diretamente no Twitter: o presidente dos Estados Unidos escreveu esta quarta-feira que “é uma situação terrível e o procurador-geral Jeff Sessions deve agora parar esta caça às bruxas adulterada antes de continuar a manchar o nosso país”, para se pronunciar sobre o primeiro julgamento relacionado com o dossiê.

Ontem mesmo começou o primeiro julgamento que tem a ver com a eventual intromissão russa nas eleições norte-americanas: Paul Manafort, ex-chefe de campanha de Trump, é acusado de fuga aos impostos e fraude bancária pelos seus negócios (à mistura com política) na Ucrânia.

É bastante incomum que um presidente se intrometa publicamente em investigações criminais em andamento, notam os críticos do presidente norte-americano, mas Trump passou meses a atacar ferozmente Robert Mueller, o promotor especial que investiga se houve alguma coordenação entre a campanha de Trump e a alegada interferência russa no processo eleitoral de 2016. O ‘mercado’ está, por isso, habituado

Trump também humilhou em público Jeff Sessoins e chegou a dizer que se arrepende de o ter nomeado como chefe do Departamento de Justiça.

Inicialmente, a investigação sobre a eventual interferência de Moscovo estava nas mãos do FBI e foi supervisionada por Sessoins desde que a agência reporta ao Departamento de Justiça. Mas, em março do ano passado, o procurador-geral anunciou que abandonava a investigação depois de ter contado o ex-embaixador da Rússia em Washington. A supervisão passou para as mãos de Rob Rosenstein, o vice-procurador-geral, que logo se tornaria alvo da ira de Trump.

Em maio de 2017, Trump demitiu James Comey de diretor do FBI por causa da investigação russa. Rosenstein achou então necessário nomear uma figura independente para liderar as investigações e evitar qualquer suspeita de interferência governamental. E sem consultar a Casa Branca, nomeou Mueller, um ex-diretor de renome do FBI e com longa experiência jurídica.

Não há quase um dia em que Trump não tente desacreditar Mueller e sua equipa de investigadores, que ele considera um perigoso grupo de democratas, recorrendo amiudes vezes ao Twitter. O presidente acusou o promotor especial de ser um gerador de problemas e a sua equipa de fazer “um trabalho sujo que é uma vergonha para os Estados Unidos”.

Em 13 meses de investigação, Mueller apresentou acusações contra 32 pessoas, incluindo ex-conselheiros de Trump, 25 russos e três empresas. Assumiu a interferência de Moscovo na campanha eleitoral, mas por enquanto não há indicação de coordenação com a equipa de Trump.

Tudo ficou ainda menos claro depois do encontro do mês passado entre Trump e o seu homólogo russo, Vladimir Putin. Trump ensaiou uma nova negação de qualquer interferência – com Putin a dizer o mesmo – mas foi literalmente bombardeado por críticas vindas de todas as partes, incluindo o seu próprio partido.

Trump acabaria por recuar depois de ter sido acusado de ter mais confiança nos serviços secretos russos que na CIA e no FBI, mas foi por pouco tempo, como já esperavam os seus críticos: os ataques aos procuradores gerais regressaram ao Twitter.

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