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Donald Trump tenta desanuviar clima da VIII Cimeira das Américas

O presidente norte-americano não está presente, mas fez saber que talvez os Estados Unidos regressem ao Acordo de Associação Transpacífico, o que pode ser uma boa notícia para todos os outros países que se encontram no Peru.
14 Abril 2018, 09h30

A VIII Cimeira das Américas, que começou esta sexta-feira em Lima, capital do Peru, tem por tema o combate à corrupção – uma ironia das agendas, dado ocorrer num país onde o presidente, Pedro Pablo Kuczynski, renunciou ao cargo em Março, acusado de corrupção com ligações à construtora brasileira Odebrecht – mas o foco, segundo os analistas, estará no novo enquadramento do continente, patrocinado pelo crescente protecionismo que marca a prestação do presidente norte-americano, Donald Trump.

Trump nem sequer estará na reunião – o que acontece pela primeira vez e já foi apelidado de “afronta” e “vexame” – dado estar a gerir a crise da Síria ao minuto, mas parece ter enviado uma espécie de presente ou de indicação: a Casa Branca anunciou que está a avaliar a possibilidade de reintegrar o Acordo de Associação Transpacífico (AAT).

Recorde-se que Trump, como tinha prometido durante a campanha anunciou como uma das suas primeiras decisões depois de ter ganho a corrida que iria retirar o país do acordo. Choveram protestos de todos os lados – a que Trump não deu qualquer crédito – nomeadamente dos países da América do Sul, para quem, na sua maioria, o comércio com os Estados Unidos é um dos maiores sustentáculos das suas economias.

Quando rasgou o acordo, Trump deixou de manter relações privilegiadas – entre outros países de outras geografias (que não a China) – com o Canadá, México, Chile e Peru. Mais tarde, acabaria por rasgar também o esboço de um acordo semelhante com a União Europeia, para depois impor novas taxas aduaneiras ao alumínio e ao aço.

De então para cá, não deixou de ser criticado – nomeadamente no interior das fronteiras norte-americanas, onde centenas de empresários temem ver as suas empresas irem à falência, face às novas diretrizes centrais.

O anúncio de que os Estados Unidos podem reintegrar o AAT é observado pelos analistas como uma forma de acalmar a pressão interna (que é o que verdadeiramente importa a Trump) e de ganhar algum prestígio junto dos outros países das Américas.

O tema não deixará de estar presente nas conversas da cimeira. De qualquer forma, a corrupção será o tema central E contou, desde logo, com uma inesperada prestação vinda de onde menos se esperava. O democrata-cristão Vicente Fox, ex-presidente do México, disse no final desta semana estar a favor da legalização e comercialização estatal da marijuana, como forma não só de aumentar o PIB, mas principalmente de induzir a redução da violência gerada pelos cartéis e a sua capacidade de corromper tudo o que se encontra à sua volta. O tema específico não faz parte da agenda da cimeira, mas o contributo ficou.

Quem também não está presente é Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, uma vez que as autoridades peruanas afirmaram que ele não seria bem-vindo. Maduro chegou a dizer que estaria presente nem que fosse à força, mas acabou por desistir. Quem não desistiram foram os seus apoiantes e os seus detratores – que esta quinta-feira organizaram em Lima duas manifestações paralelas, uma de apoio e outra de repúdio a Nicolás Maduro.

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