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Dos metais ao petróleo, preços dos alvos das sanções dos EUA ao Irão sobem

A administração norte-americana voltou a penalizar o comércio iraniano de ouro, de metais preciosos e outros, incluindo alumínio e aço. O maior choque – energético – deverá, no entanto, acontecer apenas em novembro.
7 Agosto 2018, 18h24

As matérias-primas estiveram esta terça-feira em destaque, com a entrada em vigor das sanções dos EUA ao Irão. O valor dos metais e do petróleo subiu com a perspetiva de escassez no mercado, mas os analistas alertam que o maior choque ainda está para vir.

Os Estados Unidos acionaram, a partir desta terça-feira e à revelia dos parceiros europeus, a imposição das sanções económicas que tinham sido abolidas depois da assinatura do acordo nuclear com o Irão, em 2015.

“As sanções impostas ao Irão pela administração Trump referem-se a todo o setor económico iraniano, numa tentativa de isolar aquele país do comércio internacional”,explicou o senior broker da XTB, José Correia, em declarações ao Jornal Económico.

O decreto presidencial impõe proibições comerciais, bem como de transações financeiras relacionadas com o sistema ferroviário, impede a aquisição de dólares por parte de Teerão e ameaça a imposição de sanções a todos que comprarem ou facilitarem a emissão de dívida soberana iraniana. “Os principais setores afetados serão os de saúde, automóvel, energético e financeiro, sendo que os EUA esperam que estas medidas sejam implementadas também por todos os países que tenham relações comerciais com este país”, referiu.

A administração norte-americana voltou, assim, a penalizar o comércio iraniano de ouro, de metais preciosos e outros, incluindo alumínio e aço.

A cotação das matérias-primas não sofreu variações expressivas, mas inverteu a tendência negativa com que tem negociado. O ouro aprecia-se 0,17% para 1.219,80 dólares e a prata 0,37% para 15,405 dólares. Já o alumínio, valoriza 0,79% para 2,753 dólares.

“Os metais preciosos têm registado uma tendência de queda nos últimos meses, sendo pouco provável que caiam mais devido a este evento – considerando também que estão a cotar numa zona de suporte de médio prazo e o aumento de incerteza relativamente ao desenvolvimento do comércio internacional potencia bons pontos de entrada compradores no ativo”, afirmou Correia.

Acrescentou que os metais não preciosos, como o alumínio, seguem uma tendência de queda, “que de forma consistente tem possibilitado mais-valias aos short-sellers.

Impacto na energia, em novembro, é a maior preocupação

A onda de sanções ainda acabou já que, em novembro, os Estados Unidos querem impor um embargo ao petróleo iraniano. Esse é o maior motivo de preocupação para o Estado iraniano. “O setor energético iraniano será fortemente afetado pelas sanções norte americanas, e como consequência provocará uma redução na oferta global de crude, favorecendo valorizações para o curto-prazo”, acredita o senior broker da XTB.

O Irão, segundo maior produtor de crude dentro da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e sétimo maior do mundo, controla também o estreito de Hormuz, por onde passa cerca de um terço de todo o petróleo que circula por mar. As medidas, que deverão entrar em vigor no dia 4 de novembro, poderão ser materialmente disruptivas para a oferta da matéria-prima.

As perspetivas de escassez levaram as matérias-primas energéticas a valorizarem esta terça-feira. O crude WTI norte-americano sobe 0,30% para 69,22 dólares por barril, enquanto brent europeu ganha 1% para 74,49 dólares. O gás natural avança 1,15% para 2,893 dólares.

Uma das principais dúvidas prende-se com qual será a reação da OPEP às sanções. Caso a diminuição da oferta de petróleo iraniano nos mercados internacionais não for compensada com o aumento da produção de outros países do cartel, os preços tenderão a subir.

Uma escalada dos preços poderia afetar as economias, principalmente numa altura em que a guerra comercial – também patrocinada pelos Estados Unidos – está a ser perniciosa para o comércio internacional. No caso de os preços subirem, os Estados Unidos serão possivelmente os menos afetados: a produção de petróleo no país tem crescido exponencialmente (nomeadamente do petróleo de xisto) e os EUA já são o maior produtor do mundo.

“Ainda que, a médio/longo prazo, a nossa visão para o crude oscile entre neutra a ligeiramente negativa, em virtude da mudança de paradigma verificada aquando da deliberação de aumentar a produção por parte da OPEP e dos seus aliados, decretada na última reunião de Junho, acreditamos que a re-imposição de sanções ao Irão por parte dos EUA poderá conferir um estímulo altista ao crude”, defende a equipa de research do BiG – Banco de Investimento Global.

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