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Draghi revela que o fim dos estímulos será discutido no outono

“A inflação ainda não é o que queremos que seja. Estamos confiantes de que gradualmente chegará lá, mas ainda não está lá”, explicou o presidente do BCE para justificar porque é que o programa de compra de ativos ainda é necessário.
20 Julho 2017, 15h09

Mais cauteloso do que em Sintra no mês passado, Mario Draghi manteve todo o discurso sobre o programa de compra de ativos da zona euro inalterado. Apesar de os governadores terem sido consensuais em não fazer alterações às palavras a usar, o presidente do Banco Central Europeu (BCE) revelou que as conversas sobre o fim dos estímulos vão começar no outono.

“Fomos unânimes em não fazermos alterações no forward guidance e também fomos unânimes em não determinar uma data precisa para quando vamos discutir alterações no futuro. Por outras palavras, simplesmente dissemos que as nossas conversas vão acontecer no outono”, explicou Draghi, na conferência de imprensa desta quinta-feira que se seguiu à reunião do Conselho de Governadores do BCE.

O consenso dos economistas consultados pela agência Reuters apontava para setembro como a altura em que seria anunciado o tapering, ou seja, o fim gradual do programa de compra de ativos da zona euro, atualmente a um ritmo mensal de 60 mil milhões de euros até dezembro. No entanto, os mercados poderão ter de esperar um pouco mais.

Questionado sobre se “setembro contava como outono”, Draghi respondeu que os governadores deixaram a data propositadamente em aberto. “Se quiséssemos dizer que ia acontecer a 7 de setembro [data da próxima reunião de política monetária], teríamos dito”.

No Fórum do BCE, em Sintra no final de junho, Draghi mencionou o termo “ajustamento” e os mercados interpretaram que o tapering poderia estar próximo. O BCE clarificou depois que a reação tinha sido exagerada e que o discurso afinal tinha sido mal interpretado.

Esta quinta-feira, o presidente do BCE reafirmou a confiança na retoma da economia europeia, mas referiu que a trajetória da inflação ainda não estava no objetivo, razão pela qual os estímulos seriam ainda necessários. “Temos de ser pacientes e persistentes porque ainda não estamos lá”, afirmou Draghi.

“Basicamente, a inflação ainda não é o que queremos que seja. Estamos confiantes de que gradualmente chegará lá, mas ainda não está lá. O atual nível substancial de acomodação monetária ainda é necessário”. Em maio, a inflação global na zona euro desacelerou para 1,3% e a subjacente para 1,1%, uma tendência que Draghi acredita estar relacionada com a queda dos preços do petróleo.

“Após um longo período de tempo, estamos a experimentar uma ampla recuperação”, continuou Draghi sobre o expansão económica, numa altura em que a zona euro cresce pelo 17º trimestre consecutivo e vivo o melhor período desde a crise. “A última coisa que precisamos é de um apertar indesejável das condições financeiras que podem comprometer a recuperação no médio prazo”, garantiu.

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