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Draghi responde a Trump: “Não visámos as taxas de câmbio”

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, respondeu a Donald Trump e explicou que “não visou as taxas de câmbio”. Além disso, a continuação da incerteza é uma materialização do risco e foi isso que levou Draghi a falar em novos estímulos para a economia da zona euro.
18 Junho 2019, 16h34

O presidente do BCE, Mario Draghi, respondeu ao comentário do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que criticou, no Twitter, à possibilidade de estímulos adicionais para a economia da zona euro anunciados esta manhã, em Sintra, onde se está a realizar o Fórum BCE.

De forma concisa, Draghi salientou o objetivo principal da política monetária delineada pelo BCE e que, em caso algum, visou mexidas nas taxas de câmbio. “O nosso mandato é a estabilidade de preço, definida como uma taxa de inflação abaixo, ou próxima, dos 2%, no médio prazo. Eu acabei de dizer há momentos que estamos preparados para utilizar todos os instrumentos que serão necessários para cumprir com o nosso mandato, e não visámos as taxas de câmbio” disse. Após curta pausa, apenas referiu: “Obrigado”.

O presidente cessante do BCE discursou esta manhã, marcando o início da ordem de trabalhos da sexta edição do Fórum BCE. Mario Draghi anunciou que poderão ser necessárias novas medidas de estímulo para a zona euro e não descartou, em caso de necessidade, um novo corte na taxa de juros.

Entre os instrumentos anunciados pelo ainda presidente do BCE, Mario Draghi referiu a política caracterizada por “mais cortes nas taxas de juro”, assim como” medidas que permitam conter efeitos colaterais”.

O anúncio de Draghi teve efeitos nos mercados de dívida, com as yields de alguns países da zona euro a caírem a pique.  As repercussões do anúncio do ainda presidente do BCE foram além dos mercados, na medida em que despoletaram uma reação de Donald Trump.

No Twitter, o presidente dos EUA escreveu que “Mario Draghi acabaou de anunciar mais estímulos, que imediatamente fizeram o Euro desapreciar face ao Dólar, tornando, injustamente, mais fácil para eles [europeus] competirem com os EUA. Eles têm-no feito de forma impune, tal como a China e outros”.

Minutos depois, Donald Trump voltou à rede social para falar novamente de Mario Draghi. “Os mercados europeus subiram depois dos comentários de hoje (injustos para os Estados Unidos) de Mario Draghi”.

Continuação da incerteza é um risco

Mario Draghi explicou por que razões anunciou a possibilidade de estímulos adicionais para impulsionar a economia da zona euro. “O nosso caminho para inflação [para taxas próximas dos 2%] está a convergir a um ritmo mais lento do que aquele que antecipámos”, referiu. “Foi por isso que disse que o Conselho de Governadores está preparado para agir”, explicou Mario Draghi, referindo-se ao discurso que fez esta manhã.

O presidente cessante do BCE disse ainda que os estímulos anunciados esta manhã têm uma lógica diferente quando comparada com a última vez em que anunciou medidas para impulsionar a economia da zona euro. Assim, segundo Mario Draghi, passámos de uma cenário em que “as contigências adversas que se poderiam materializar” estes estímulos para um contexto em que estes estímulos serão utilizados “na ausência de melhorias, isto é, se as condições que ameaçam o regresso a um nível de inflação sustentado persistirem”.

Isto é, para Mario Draghi, a continuação do período de “incerteza é materialização do risco”. “É esse o gatilho que poderá sugerir estímulos adicionais”.

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