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Durão Barroso pede “mais ambição” a líderes mundiais no combate a pandemia

“Não é só uma questão de justiça, é também uma questão de racionalidade económica responder o mais rápido possível, e com mais ambição, a esta pandemia”, afirmou Durão Barroso, numa conferência promovida pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), onde é professor convidado.
20 Maio 2021, 19h20

O presidente da Aliança Global para as Vacinas (Gavi) defendeu hoje “mais ambição” dos líderes mundiais no combate à pandemia da covid-19, realçando que o seu custo económico “é muito maior” que o de vacinas, medicamentos e diagnósticos.

“Não é só uma questão de justiça, é também uma questão de racionalidade económica responder o mais rápido possível, e com mais ambição, a esta pandemia”, afirmou Durão Barroso, numa conferência promovida pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), onde é professor convidado.

O ex-primeiro-ministro português falava na véspera da Cimeira Mundial da Saúde, organizada pela Comissão Europeia e pela presidência italiana do G20 (grupo das 20 maiores economias e a União Europeia), que se realiza em Roma e na qual vai participar.

Durão Barroso salientou, na sua intervenção feita na íntegra em inglês, que “o custo económico” da pandemia “é muito maior” quando comparado com o custo de vacinas, tratamentos e diagnósticos, pelo que, disse, vai pedir na quinta-feira, na cimeira, aos líderes mundiais “mais ambição na resposta à pandemia”.

“Quanto mais tempo demorarmos a distribuir vacinas pelo mundo, mais tempo o vírus vai circular, mudar e dar origem a novas variantes, que, muito provavelmente, serão mais transmissíveis ou mais perigosas”, justificou.

O antigo presidente da Comissão Europeia participou, à distância, na conferência “Valores e tecnologia em inovação médica”, promovida pela UCP para assinalar simbolicamente o arranque de iniciativas da futura Faculdade de Medicina, que começará a funcionar no próximo ano letivo.

Antes de destacar o impacto económico da pandemia, o presidente da Gavi apontou a “enorme diferença” na distribuição de vacinas contra a covid-19 entre os países mais ricos e os países mais pobres, que, a seu ver, se traduz num “problema de injustiça global”.

Por outro lado, evocou que “há enormes diferenças ideológicas e de regimes políticos”, mas que “não devem ser razão para os governos em todo o mundo não cooperarem quando confrontados com certos tipos de desafios que, pela sua natureza, requerem uma abordagem de cooperação”.

Segundo Durão Barroso, são necessários “mais recursos humanos, financeiros e institucionais” para “investir na resiliência das sociedades”, incluindo a dos sistemas de saúde, e prepará-las para uma próxima pandemia. A da covid-19 “revelou que o mundo não estava preparado”.

“Mesmo os países mais ricos e poderosos não tiveram os meios para responder rapidamente à pandemia”, frisou o presidente da Gavi, advogando que a saúde pública deve ser “um bem público global”, que exige, nomeadamente, rapidez de respostas, “forte governança”, partilha de dados e parcerias público-privadas à escala mundial.

“A pandemia é uma chamada de atenção para desafios de ação para a saúde global”, enfatizou.

Durão Barroso considera que a pandemia da covid-19 implicará uma “aceleração no investimento na ciência e tecnologia”, mas alertou para o risco do “aumento da tensão geopolítica na competição por posições de liderança no uso de novas tecnologias”.

“Pode bem acontecer que o mundo fique mais polarizado, mais imprevisível e mais perigoso”, admitiu.

O ex-primeiro-ministro mencionou, ainda, como consequências as “clivagens sociais”, mas também os “problemas de saúde mental”, referindo que a covid-19, sendo “de todos porque atingiu pessoas em todo o mundo”, é “a pandemia da solidão, das pessoas que estão sós e isoladas das suas famílias”.

A pandemia da covid-19 provocou, pelo menos, 3.419.488 mortos no mundo, resultantes de mais de 164,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência noticiosa francesa AFP.

A covid-19 é uma doença respiratória causada por um novo coronavírus (tipo de vírus) detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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