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E se fosse nas legislativas? PS ficaria a dez deputados da maioria absoluta

Transposição dos resultados das europeias para os círculos eleitorais das legislativas daria 106 deputados aos socialistas, um crescimento do Bloco de Esquerda quase equivalente à descida da CDU, uma forte quebra no PSD, uma hecatombe no CDS-PP e a multiplicação por seis do PAN. Bem como a eleição de representantes de novos partidos.
27 Maio 2019, 07h23

Os resultados obtidos pelo PS nas eleições europeias deste domingo permitiriam a eleição de 106 deputados se fossem transpostos diretamente para os círculos eleitorais das legislativas, deixando António Costa a apenas dez mandatos da maioria absoluta na Assembleia da República e com a possibilidade de abdicar de um dos parceiros da Geringonça. Tendo mais de metade dos deputados em nove círculos (incluindo a totalidade dos dois representantes de Portalegre). obteria uma subida de 20 parlamentares em relação às legislativas de 2015, às custas de uma descida de igual amplitude na bancada social-democrata.

Transpondo a votação nas europeias para um cenário de legislativas, o PSD elegeria apenas 69 deputados – e só ficaria à frente dos socialistas nos círculos da Madeira e de Vila Real – em vez dos 89 que têm atualmente assento no seu grupo parlamentar. Para tal contribuiriam desempenhos particularmente maus em Lisboa (a votação das europeias só garantiria nove deputados nas legislativas) ou em Setúbal (não iria além de dois mandatos), compensados por uma prestação mais razoável no Porto (11 deputados) ou em Braga (sete, a apenas um dos socialistas). Mas nem assim Rui Rio seria o maior derrotado no centro-direita, pois o CDS-PP de Assunção Cristas manteria apenas metade dos deputados, descendo de 18 para apenas nove, acantonados nos círculos de Lisboa, Porto, Braga, Aveiro e Leiria.

Pelo contrário, o bom resultado do Bloco de Esquerda nas europeias permitiria ao partido liderado por Catarina Martins ganhar quatro mandatos na Assembleia da República em relação às legislativas de 2015 (de 19 para 23), sendo a terceira força política nos cinco círculos eleitorais que elegem mais deputados. Mas não só: os bloquistas teriam lugar elegível em Coimbra, Santarém, Faro e mesmo em distritos mais conservadores, como Leiria e Viseu.

Para a CDU ficaria reservada a relativa “fava” da Geringonça, pois a quebra registada nas europeias teria o reflexo da perda de três mandatos (de 17 para 14), mesmo sem que desaparecesse a representação nos bastiões tradicionais de Setúbal, Évora e Beja.

Já o PAN – Pessoas, Animais e Natureza multiplicaria a presença na Assembleia da República de André Silva por seis, pois a elevada percentagem obtida nos maiores distritos permitiria eleger três deputados por Lisboa, dois pelo Porto e um por Setúbal. E não ficariam por aí as novidades, já que a dimensão do círculo de Lisboa (cujos 47 lugares o tornam muito apetecível pelos recém-chegados ao sistema partidário) abriria portas à eleição de um deputado da Aliança, um do Livre e outro da coligação Basta.

Resta agora esperar para ver se os partidos mais pequenos conseguirão manter uma percentagem que lhes permita entrar no Parlamento a 6 de outubro, dia em que o nível de abstenção ficará presumivelmente muito abaixo dos 68,6% verificados nestas eleições europeias.

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