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Ecologista Michèle Rubirola confirmada como presidente de Marselha

Médica e ativista de 63 anos é a primeira mulher a governar a segunda maior cidade francesa e põe termo a 25 anos de domínio da direita. Vaga de vitórias ecologistas nas eleições municipais também inclui Lyon, Estrasburgo e Bordéus.
  • Michèle Rubirola
4 Julho 2020, 17h13

A ecologista Michèle Rubirola foi confirmada neste sábado como a primeira mulher a presidir à Câmara de Marselha, depois de na segunda volta das eleições municipais, disputadas no domingo passado, ter sido a mais votada sem ter obtido maioria absoluta no conselho municipal ao qual cabia definir quem sucederia a Jean-Claude Gaudin, o veterano da direita que governou a segunda maior cidade francesa durante 25 anos.

Candidata à presidência numa lista que agrupa ecologistas, socialistas, comunistas e a extrema-esquerda da França Insubmissa, Michèle Rubirola necessitou do apoio da ex-senadora socialista Samia Ghali, que obteve o lugar de primeira adjunta da Câmara de Marselha em troca dos oito votos no conselho municipal que permitiram à nova presidente suplantar o rival republicano Guy Teissier. Essas negociações atrasaram o processo de decisão durante longas horas, sob protesto da direita marselhesa, que chegou a ver hipóteses de manter o seu bastião.

Na sua primeira declaração após ver confirmada a eleição, Rubirola, de 63 anos, uma médica que é filha de imigrantes catalães e italianos e foi militante feminista, ambientalista e antimilitarista desde a adolescência, prometeu “reduzir a fratura territorial” entre bairros muito empobrecidos e bairros riscos. “Tenho o projeto de uma cidade mais verde, mais justa e mais democrática”, anunciou.

De fora da votação no conselho municipal ficaram os nove eleitos pela Reunião Nacional (ex-Frente Nacional), o que não impediu a sua presidente, Marine Le Pen, de ter acusado a direita republicana de “dar as chaves da Câmara de Marselha à esquerda mais sectária, comunitária e minoritária nas urnas”. A lista Primavera Marselhesa, liderada por Rubirola, teve apenas 38,28% dos votos no domingo.

Menos complicadas foram as eleições dos presidentes de câmara ecologistas noutras grandes cidades francesas, mantendo-se as maiorias conquistadas na segunda volta das municipais, que foram suspensas ao longo de vários meses devido à pandemia de Covid-19. Grégory Doucet passa a governar Lyon, Jeanne Barseghian chegou a acordo com os socialistas e tem a eleição garantida em Estrasburgo e Pierre Hurmic conquistou Bordéus à direita, quebrando uma hegemonia que vinha desde o pós-guerra.

A vaga ecologistas nas municipais foi uma grande derrota para o presidente Emmanuel Macron, que viu o seu partido centrista República em Marcha somar derrotas – tal como a direita republicana – e acabou por trocar de primeiro-ministro, com Édouard Philippe a dar lugar a Jean Castex, na esperança de criar uma nova dinâmica para as eleições departamentais e regionais de 2021. E, sobretudo, para as presidenciais e legislativas de 2022.

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