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Economistas antecipam revisões em baixa do crescimento do PIB para 2018

As perspetivas para o crescimento do PIB em 2018 deverão ser revistas em baixa, segundo os analistas ouvidos hoje pela agência Lusa, após a publicação da estimativa rápida do INE que prevê um abrandamento da economia no terceiro trimestre.
  • Cristina Bernardo
14 Novembro 2018, 18h50

As perspetivas para o crescimento do PIB em 2018 deverão ser revistas em baixa, segundo os analistas ouvidos hoje pela agência Lusa, após a publicação da estimativa rápida do INE que prevê um abrandamento da economia no terceiro trimestre.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o crescimento da economia desacelerou no terceiro trimestre, com o Produto Interno Bruto (PIB) a avançar 2,1% em termos homólogos e 0,3% em cadeia, sobretudo devido a um abrandamento do consumo, abaixo dos crescimentos de 2,4% em termos homólogos e de 0,6% em cadeia registados no primeiro trimestre do ano.

Questionado pela Lusa, o professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), António Ascensão Costa admitiu que com este valor de crescimento no terceiro trimestre, ainda que sujeito a revisões pelo INE, as perspetivas para o crescimento do PIB em 2018 serão, tendencialmente, revistas em baixas para 2,2% ou 2,3%.

O ISEG estimava para a totalidade de 2018 que o crescimento do PIB se situasse no intervalo entre os 2,2% e os 2,5%.

Para o economista, o crescimento assumido pelo Governo (2,3%) “continua assim a ser possível, mas, para já, parece um pouco menos provável”.

“O valor avançado pelo INE ficou abaixo do que esperávamos, sobretudo devido ao contributo negativo da procura externa líquida que, por razões homólogas, admitimos que seria menos negativo do que nos trimestres anteriores”, referiu.

No âmbito da procura interna, o economista destaca a desaceleração do crescimento do consumo privado, que era esperada, e uma pequena surpresa positiva no investimento que “apresentou um crescimento ligeiramente mais acentuado”, segundo o INE.

A tendência para a desaceleração na economia portuguesa deverá prosseguir, ainda que de forma ligeira.

Também o Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica defendeu que os dados do INE “deverão motivar uma revisão em baixa da previsão do NECEP para o crescimento do PIB este ano”.

Em outubro, o núcleo da Católica previa um crescimento da economia para o próximo ano de 2,3% do PIB, alinhando com a previsão do Governo.

Segundo os economistas da Católica, a redução do crescimento da zona euro poderá moderar a velocidade da recuperação da economia portuguesa.

Por sua vez, o BPI defende que os dados do INE “estão em linha com as previsões do BPI Research para o crescimento em 2018”, de 2,1%, “considerando-se equilibrados os riscos associados ao cenário”.

“Nos trimestres seguintes, antecipa-se que o ritmo de crescimento em cadeia permaneça semelhante ao do terceiro trimestre de 2018”, avança o BPI.

“Esta previsão incorpora a melhoria esperada do contributo da procura externa, via menor ritmo de crescimento das importações, que compensará parcialmente um menor contributo da procura interna, via desaceleração do consumo privado. Ainda assim, o consumo das famílias deverá manter um comportamento dinâmico, refletindo o bom momento registado no mercado de trabalho”, refere o banco.

Para o gestor da XTB, Pedro Amorim, com os dados divulgados hoje pelo INE e “analisando o contexto macroeconómico”, a corretora revê em baixa a previsão em três pontos base para 2%.

“O que está a contribuir para esta redução é a diminuição do consumo privado, onde na minha opinião já atingiu o seu máximo no ano passado. Com o aumento do receio de uma nova crise, a correção dos mercados acionistas, e o receio de um aumento das taxas de juro na zona euro fez aumentar a taxa de poupança em dois pontos básicos, número que poderá aumentar nos próximos meses”, refere.

Os fatores de risco apontados por Pedro Amorim são, assim, o anúncio de terça-feira de que o Governo Italiano vai manter as suas políticas orçamentais levando o aumento dos juros da dívida Italiana e o facto das empresas terem em mente que no próximo ano haverá uma subida das Euribor, apontadas pelo BCE, “fazendo aqui uma pressão numa redução ligeira do investimento privado”.

Já para o economista Bruno Fernandes, do Santander, a estimativa de crescimento do PIB real para o terceiro trimestre foi de 0,35%, “em linha com a estimativa avançada pelo INE”, pelo que mantém as previsões de 2,2% para 2018.

No que respeita aos motores de crescimento do PIB, estes seguem a trajetória também antecipada pelo INE, com o consumo privado e investimento a continuar a acelerar no trimestre (embora de forma ligeiramente mais moderada face ao trimestre anterior), enquanto as exportações deverão ter crescido de forma mais moderada que as importações, contribuindo para um contributo líquido marginalmente negativo, indica o economista.

A estimativa rápida do INE, que incorpora revisões na informação de base utilizada anteriormente, “revela o ritmo mais baixo do ano”, depois de no primeiro trimestre a economia ter crescido 2,2% em termos homólogos e 0,4% em cadeia e no segundo trimestre 2,4% em termos homólogos e 0,6% em cadeia.

Os resultados correntes das contas nacionais trimestrais do terceiro trimestre de 2018 serão divulgados em 30 de novembro de 2018.

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