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Lisboa: Edifícios para Reabilitação Urbana quase atingiram os 15 mil eurosm2 antes da pandemia

Dados da consultora Prime Yield revelam que os preços médios nas diferentes zonas da capital se situavam entre os seis mil e os oito mil eurosm2, mas onde existiam apartamentos de tipologia T3 (mais caros da zona histórica) a custar 14.900 eurosm2.
7 Abril 2020, 07h35

Depois de ter vindo em crescimento nos últimos anos, o mercado imobiliário em Portugal enfrenta agora uma nova crise motivada pela pandemia do coronavírus. A consultora Prime Yield divulgou através do estudo “Flash Mercado Imobiliário Portugal 2019-2020”, o crescimento de vários segmentos antes do surto da Covid-19.

Os dados da consultora indicam que antes da chegada da Covid-19 ao país, o mercado da reabilitação urbana em Lisboa tinha assistido no ano passado a um registo dos preços médios nas diferentes zonas da capital que se situavam entre os seis mil e os oito mil eurosm2, mas onde existem apartamentos de tipologia T3 (mais caros da zona histórica) a custar 14.900 eurosm2.

Em relação à cidade do Porto, o Centro Histórico atingiu no segmento premium da reabilitação urbana os 5.500€/m², mas no qual existem apartamentos acima dos 9.500 euros/m². De acordo com José Manuel Velez, diretor da Prime Yield, este segmento estará em 2020 “sujeito a grandes fatores de pressão relacionados com os impactos sociais provocados pela pandemia global, que neste momento não são previsíveis”.

No que ao mercado de escritórios diz respeito, os dados da consultora revelam que em 2019 , a ocupação atingiu quase os 195 mil m² em Lisboa, uma descida de 6,5% face a 2018, que se justificou pela falta de oferta. No Porto, a absorção chegou aos 60 mil m², verificando-se uma quebra significativa de 25% face ao ano anterior, também justificada pela falta de oferta.

A renda prime em Lisboa foi de 25 euros /m²/mês, registando um aumento de 19,6% face ao seu último ponto máximo em 2007 (20,9 euros/m²/mês), enquanto no Porto foi de 18€/m²/mês, sendo este o pico até à data.

O impacto da pandemia da Covid-19, tem levado à adoção generalizada de sistemas de teletrabalho. Tal poderá vir a ter um impacto também nos sistemas de trabalho das empresas, com consequente e previsível redução das necessidades de espaço disponível para trabalho”, refere o diretor da consultora.

Olhando para o turismo residencial, Portugal registou novos recordes em 2019, com 27 milhões de hóspedes (+7,3%) e 69,9 milhões de dormidas (+4,1%) do que no ano anterior. O ‘triângulo dourado’ formado por Vilamoura, Quinta do Lago e Vale do Lobo permaneceu em termos da oferta de projetos e valores de oferta.

Os preços da habitação turística neste eixo variaram entre os 7.100 euros/m² nos apartamentos T3 e os 3.721 euros/m² nas townhouses V3, com valorizações de 1,4% e 7,9%, respetivamente. José Manuel Velez salienta que em 2020 “além os desafios decorrentes da pandemia terá um efeito devastador sobre o turismo, pelo menos no curto-prazo”, juntando a isto outros fatores como “o Brexit e as alterações ao Golden Visa”.

No setor do retalho o surto do coronavírus também se fará sentir, com a consultora a não prever novos empreendimentos ao nível dos centros comerciais, sendo esperados projetos de expansão e obras de remodelação para tornar os espaços comerciais já existentes mais atrativos.

Em termos de rendas, o Chiado continua a ser a zona mais valorizada no comércio de rua em Lisboa, com a renda prime a situar-se nos 140 euros/m²/mês. No Porto, a localização prime é a Rua de Santa Catarina, onde a renda prime se fixou em 75 euros/m²/mês.

José Manuel Velez considera que 2020 será também o ano da “prova de fogo para as novas SIGI e também as várias alterações legislativas e fiscais em áreas como os Vistos Gold, o Alojamento Local e o Arrendamento prometem impactar o setor, embora não saibamos em que medida”, acrescentando que há também, “previsivelmente novas janelas de oportunidade nos segmentos alternativos, como o coliving, o coworking, residências séniores ou de estudantes”, não deixando esquecer a habitação para a classe média para venda ou arrendamento, que estará também “sob o grande foco de pressão derivado da circunstância de atual incerteza económica e com consequências sociais que não se conseguem ainda quantificar”.

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