[weglot_switcher]

EDP: Quem poderá tentar travar a OPA chinesa?

A China Three Gorges não foi, nos últimos meses, a única energética a mostrar interesse pela EDP. Numa altura em que as fusões e aquisições estão a fervilhar na Europa, há empresas e fundos que poderão tentar concorrer pela elétrica portuguesa.
14 Maio 2018, 07h30

O consórcio chinês China Three Gorges lançou esta sexta-feira uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) ao capital da EDP e da EDP Renováveis. O primeiro-ministro António Costa reagiu na mesma noite, referindo que não se vai opor ao negócio por considerar que o mercado deve funcionar livremente. Ainda assim a OPA poderá receber concorrência de outras energéticas, fundos e pequenos acionistas, especialmente tendo em conta o timing.

O mercado europeu está a ser palco de fusões e aquisições entre empresas de energia e o reforço do capital chinês poderá ser uma forma de enfrentar a vaga, como o Jornal Económico noticiou no mês passado. A aliança anunciada pelas alemãs Eon e RWE, num negócio de 43 mil milhões de euros, despertou no mercado a convicção de que chegou à Europa uma onda de fusões no sector energético.

Assim, depois da consolidação na Alemanha, tanto a italiana Enel, como a francesa Engie estão a posicionar-se para aquisições noutras geografias, e houve notícias sobre movimentações que envolveriam a elétrica portuguesa. O mesmo aconteceu em relação à espanhola Gas Natural, sendo que, nos três casos, António Mexia negou as conversações.

  • Engie

A 9 de abril, a televisão francesa BFM Business noticiou que a francesa Engie estava interessado na aquisição da elétrica portuguesa liderada por António Mexia. Segundo a BFM, Isabelle Kocher, líder do grupo francês, e António Mexia chegaram até a estar  em contacto. As ações da EDP dispararam 8%, mas a empresa enviou um comunicado à CMVM para “esclarecer o mercado de que não foram estabelecidos quaisquer contactos, nem mantidas quaisquer negociações com vista a operações de consolidação”.

  • Enel

A elétrica italiana Enel é uma dos principais concorrentes da EDP, através da Endesa, e poderá ter colocado a portuguesa na lista de potenciais aquisições. Pelo menos, em novembro, o Expansíon noticiou que era o objetivo da italiana era adquirir a EDP, no âmbito de um plano de investimento de cinco mil milhões de euros na Península Ibérica, até 2020. A própria Enel acabou por clarificar, ao jornal espanhol, que estava apenas a “analisar oportunidades identificadas pelos intermediários”, tendo feito qualquer oferta.

  • Gas Natural Fenosa

A espanhola Gas Natural Fenosa (GNF) também terá estado na lista de potenciais interessados na EDP, segundo a Reuters. Em julho do ano passado, a agência escreveu que a GNF tinha discutido a possibilidade de fusão com António Costa, sendo que o objetivo seria estabelecer uma parceria estratégica e criar um gigante ibérico. “No seguimento da notícia difundida dia 3 de julho pela agência Reuters com o título ‘Gas Natural aproxima-se da EDP com vista a fusão’, a EDP vem por este meio negar a existência de negociações entre as duas entidades sobre este tema”, comunicou a EDP, no dia seguinte, à CMVM.

  • E.On

Além de Espanha, França e Itália, também houve notícias sobre um potencial interesse vindo da Alemanha, mas este remonta a 2011. Na altura, o Der Spiegel noticiou que a E.On tinha oferecido 2,5 mil milhões de euros a Portugal para comprar a participação detida pelo Estado na EDP. O próprio presidente da enérgica alemã confirmou a intenção, que estaria em linha com o objetivo de dominar o mercado de energias renováveis, mas o valor oferecido não chegou para fechar o negócio.

  • Outros acionistas

Além de alguma das empresas que já mostrou interesse na EDP poder fazer uma contra-proposta que concorra com a OPA da China Three Gorges, está ainda por conhecer a posição dos restantes acionistas da elétrica. A CTG (23,27%) e a empresa também chinesa CNIC (4,98%) detêm em conjunto 28,25% do capital da EDP.

Outros acionistas com posições qualificadas incluem a norte-americana Capital Group Companies (12%), a espanhola Oppidum Capital (7,19%), a norte-americana BlackRock (5%), a empresa estatal dos Emirados Árabes Unidos, Mubadala Investment, (4,06%), o Norges Bank (2,75%), o Millennium BCP (2,44%), a petrolífera estatal argelina Sonatrach (2,38%) e a Qatar Investment Authority (2,27%).

[Com Lígia Simões, Maria Teixeira Alves e Shrikesh Laxmidas]

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.