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EDP registou prejuízo de 23 milhões em Portugal nos primeiros três meses do ano

Segundo os dados facultados pela EDP ao JE, o prejuízo no primeiro trimestre em Portugal prolonga a quebra nos resultados da empresa no mercado doméstico nos últimos anos. Além da fraca hidraulicidade, a empresa aponta para as alterações regulatórias que, segundo a empresa, tiveram uma impacto negativo de 2 mil milhões nas receitas entre 2012 e 2020.
17 Maio 2019, 13h16

A EDP Energias de Portugal teve um prejuízo de 23 milhões de euros em Portugal no primeiro trimestre de 2019, o que compara com um lucro de 22 milhões de euros no período homólogo, penalizado por uma quebra no negócio de produção hídrica e alterações regulatórias, segundo dados enviados ao Jornal Económico pela empresa esta sexta-feira.

Os resultados negativos da energética no território doméstico contribuíram para o tombo de 39% no lucro do grupo para 100 milhões de euros no primeiro trimestre face a período homólogo. A empresa salientou, na divulgação dos resultados esta quinta-feira, que os números a nível global foram impactados negativamente por menos chuva e menos vento no primeiro trimestre, o que provocou um recuo de 13% na produção da EDP para 17.974 gigawatts hora até março.

Adiantou que a hidraulicidade em Portugal diminuiu 48%, enquanto a margem bruta das hídricas em Portugal e Espanha recuou 25% no primeiro trimestre de 2019 face ao mesmo período do ano passado, em consequência da redução de 33% na produção hídrica decorrente da seca sentida no trimestre e da venda de algumas centrais mini-hídricas. Este efeito foi apenas parcialmente compensado pelo aumento de 20% do preço médio de venda, acrescentou.

Segundo os dados facultados pela EDP, o prejuízo no primeiro trimestre em Portugal prolonga a quebra nos resultados da empresa no mercado doméstico nos últimos anos. Após um lucro de 175 milhões entre janeiro e março de 2015, a energética viu o bottom line descer para 94 milhões, 68 milhões e 22 milhões nos três períodos homólogos seguintes.

O grupo liderado por António Mexia tem salientado de forma frequente o impacto negativo de alterações regulatórias em Portugal.  A 26 de fevereiro, numa apresentação à Comissão Parlamentar de Inquérito ao Pagamento de Rendas Excessivas aos Produtores de Eletricidade, o CEO da EDP disse que “o Estado aplicou medidas com um impacto de cerca de 2 mil milhões de euros nas receitas entre 2012 e 2020, diminuindo significativamente os resultados da empresa.

As medidas elencadas pela EDP incluem a remoção da garantia de potência, da componente fixa e o ajuste final dos Custos de Manutenção de Equilíbrio Contratual, a Contribuição Especial sobre o Setor Energético (CESE) e os clawback.

A empresa mantém que não há rendas excessivas na eletricidade, que as decisões tomadas ao longo do tempo foram opções políticas legítimas e coerentes, com fundamento técnico atendendo aos respetivos contextos. “O conceito das rendas excessivas só existe com base em análises técnicas erradas e sem base legal”, refere.

O relatório final da comissão de inquérito foi esta quarta-feira aprovado pelo PS, BE, PCP e PEV, com PSD a considerar que “não é factual” e o CDS que podia ter ido mais longe. A comissão avalia em cerca de 5 mil milhões de euros as rendas excessivas no sistema elétrico, em resultado da política de sucessivos governos do PS, PSD e CDS.

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