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EDP responsável por dois terços da emissão de ‘green bonds’ em Portugal

As emissões de dívida verde ou ‘green bonds’ por companhias portuguesas já superaram os 10 mil milhões de euros desde 2018.
30 Novembro 2021, 17h50

O grupo EDP emitiu dois terços da dívida sustentável de empresas nacionais desde 2018. A elétrica liderada por Miguel Stilwell de Andrade já emitiu um total de 6,8 mil milhões de euros desde 2018.

As emissões de dívida verde ou ‘green bonds’ por companhias portuguesas já superaram os 10 mil milhões de euros desde 2018, segundo contas feitas pela BA&N Research Unit.

“Esta marca histórica de 10,2 mil milhões de euros foi alcançada já nesta reta final de 2021 perante o aumento do número de operações, mas também dos montantes envolvidos em cada uma delas. No total, contabilizam-se 16 entidades diferentes que recorreram a esta dívida nestes últimos anos, dos mais variados setores: da energia às telecomunicações, mas sem esquecer a própria banca”, segundo um relatório divulgado pela BA&N Research Unit esta terça-feira, 30 de novembro.

Desde a primeira emissão em 2018, realizada pela EDP, este ano as emissões de empresas nacionais já bateram os recordes de emissões de dívida sustentável, com cerca de 4.500 milhões de euros emitidos.

A EDP lidera o ranking de emissões este ano, com cerca de 2.000 milhões de euros emitidos. À distância surgem dois bancos: Caixa Geral de Depósitos e BCP com 500 milhões de euros cada.

Seguem-se a Galp Energia (406 milhões), REN (300 milhões), Nos (150 milhões), Greenvolt (100 milhões) Navigator (100 milhões), BA Glass (75 milhões), Sonae Capital (41 milhões) e Corticeira Amorim (20 milhões).

“Dívida há muita, mas nos últimos anos deixou de ser tudo a preto e branco. A dívida ganhou novas cores, procurando alertar os investidores para o destino dado aos montantes que se estes se disponibilizam financiar”, segundo a BA&N.

“O fenómeno já conta com alguns anos, mas depois da crise pandémica ganhou ainda maior preponderância, tanto lá fora como cá dentro. Com cada vez mais investidores ávidos por adquirirem estes títulos, mais e mais empresas têm vindo a avançar com operações de financiamento com recurso à emissão de Green Bonds e Social Bonds ou à contratualização de empréstimos que têm fins socialmente responsáveis junto de instituições financeiras estrangeiras e nacionais”, pode-se ler no relatório.

A Mota-Engil realizou a operação mais recente, com 110 milhões colocados, com os resultados da operação a serem divulgados esta semana. “Coube, em Portugal, à Mota-Engil acenar aos pequenos investidores com títulos de dívida responsáveis. Através de uma emissão destinada a investidores de retalho, a construtora define metas de reduções de emissões de CO2, mas também de valorização de resíduos, a pensar no ambiente, mas também faz mira ao social, visando a promoção da igualdade de género e a redução dos acidentes de trabalho até alcançar as zero
mortes. Foi com estas promessas, bem como uma taxa de juro de 4,25%, que garantiu 110 milhões de euros em financiamento”.

A BA&N destaca que “falta um Estado mais verde”: apesar das empresas já estarem a apostar neste financiamento, o Estado ainda não aderiu, apesar das promessas. “A ideia já tem alguns anos. Foi ainda em 2017 que o então ministro das Finanças Mário Centeno lançou a ideia de uma emissão de dívida pública “verde”, que permitiria diversificar fontes de financiamento ao mesmo tempo que traria juros mais baixos para um país com uma dívida pública que ascende a 130% do PIB. Centeno não avançou, João Leão também ainda não, mas o Ministério das Finanças diz, agora, que a agência responsável pela gestão da dívida portuguesa está a trabalhar com os bancos de investimento para preparar uma operação que poderá ascender aos 3 a 4 mil milhões de euros”.

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