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ING: prudência orçamental seguida por Costa pode “dificultar” a nova geringonça

“Durante a campanha, António Costa defendeu que Portugal precisa de continuar no caminho da consolidação orçamental para estar ‘forte’ quando chegar a tempestade. Este foco na prudência orçamental poderá dificultar o apoio do Bloco de Esquerda ou do PCP ao Governo”, diz Steven Trypsteen, economista do banco holandês.
7 Outubro 2019, 14h45

O banco holandês ING não ficou surpreendido com a vitória do Partido Socialista nas eleições legislativas e antecipa um Executivo formado pelo PS e apoiado por outro partido de esquerda. Além disso, o banco salienta que a prudência orçamental – que deverá marcar os próximos quatro anos de governação liderada por António Costa -, será superior por comparação com a do Governo anterior.

Numa nota de research assinada por Steven Trypsteen, economista do ING para Portugal e Espanha, o foco de António Costa em manter as contas públicas equilibradas – a tal chamada prudência orçamental – poderá ser um ponto de crispação entre o ou os partidos de esquerda que apoiem o PS no Governo.

“Durante a campanha, [António Costa] defendeu que Portugal precisa de continuar no caminho da consolidação orçamental para estar ‘forte’ quando chegar a tempestade. Este foco na prudência orçamental poderá dificultar o apoio do Bloco de Esquerda ou do PCP ao Governo”, diz Steven Trypsteen.

“Os resultados das eleições não foram uma surpresa”, revela o economista. “No nosso cenário [teremos] um Governo PS, liderado por António Costa, com o apoio de pelo menos um partido de esquerda. Esperamos um maior foco na prudência orçamental por comparação com o Governo anterior, o que poderá melhorar a ‘fotografia’ orçamental ainda mais, com a consequência de baixar os spreads ainda mais”, argumenta o analista do ING.

O desfecho das eleições confirmaram as previsões de Steven Trypsteen que, na semana passada, antecipou que o PS iria ser um grande vencedor mas sem conseguir a maioria absoluta, apontando para uma nova geringonça.

Neste cenário, o analista do ING alertou para a possibilidade de a prudência orçamental do Governo de António Costa obstar ai apoio dos outros partidos de esquerda e defendeu até que, perante este cenário, Portugal ” corre o risco de se tornar ingovernável”, à semelhança do que tem acontecido em Espanha.

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