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Eleições: Santos Silva ‘bombardeia’ à direita e à esquerda

O ministro advertiu para os riscos de “um poder desmedido” de algum dos parceiros à esquerda do PS e acusou PSD e CDS-PP de “trazerem as instituições da República para a lama”. Costa disse por seu turno que a escolha é entre um governo com ou sem o PS.
29 Setembro 2019, 15h15

O ministro Santos Silva voltou ao lugar onde se sente à vontade e, no Porto, invetivou com a dureza que lhe é habitual tanto à direita como à esquerda. O cabeça de lista socialista no círculo eleitoral Fora da Europa falava num almoço-comício com muitos militantes e simpatizantes socialistas, em que esteve presente o antigo candidato a secretário-geral do PS e ex-eurodeputado Francisco Assis.

“Nós não queremos trazer as instituições da República para a lama, nós sabemos que a justiça e a política são domínios diferentes, sabemos que as Forças Armadas são uma instituição representativa de todo o país, sabemos que as questões judiciais resolvem-se nos tribunais e que as questões políticas tratam-se no parlamento e na política”, declarou.

O ministro dos Negócios Estrangeiros insurgiu-se contra “a degradação da linguagem política, contra as calúnias e ofensas pessoais”. “A doutora Assunção Cristas parece querer afundar o nível do debate político democrático em Portugal, mas é hoje evidente para todos, basta olhar para as sondagens, que quem se vai afundar é ela própria”, sustentou, antes de falar no gosto de Rui Rio em “produzir belas teorias”, como as do rigor financeiro e a clareza de decisões.

Porém, segundo Santos Silva, o presidente do PSD disse “uma coisa num dia e outra coisa em outro dia” a propósito da questão das carreiras dos professores, meteu “férias” no período de greve dos motoristas de matérias perigosas e esqueceu os seus princípios no caso de Tancos.

“Rui Rio pediu serenidade e elevação quando se trata de questões de justiça, disse com toda a razão que ser acusado não é ser condenado – e que só há um sítio em que tudo isso pode ser decidido: nos tribunais. Mas o doutor Rui Rio estava à espera da primeira oportunidade para desdizer a sua própria teoria”, apontou. Depois, Augusto Santos Silva questionou: “Pode o país pode tolerar essa volatilidade?”

A primeira parte do discurso do titular da pasta dos Negócios Estrangeiros serviu para advertir os eleitores sobre os riscos de um reforço da influência de algum dos parceiros parlamentares da esquerda, contrapondo que o PS “nunca pôs em dúvida a responsabilidade financeira, a pertença de Portugal à União Europeia e à zona euro”.

Apesar de assegurar que, com os socialistas, manter-se-á o diálogo à esquerda. “Aqueles que têm dúvidas sobre o respeito pelas condições do pagamento da dívida, aqueles que querem que Portugal gaste 30 mil milhões de euros em nacionalizações, aqueles que desvalorizam as contas certas, esses não podem ter um poder desmedido. Esses não podem ter uma influência desmesurada na próxima legislatura”, declarou Santos Silva, sem mencionar o Bloco de Esquerda.

O líder socialista disse hoje que aqueles que querem um Governo sem o PS têm “muitas alternativas”, desejando “que possam ir rio abaixo” à procura de uma alternativa que acreditem que fará melhor do que o PS.

Já António Costa declarou que “quem quer um Governo sem o PS tem muitas alternativas. Como sempre em democracia há alternativas. E desejo que possam ir rio abaixo à procura de uma alternativa em que possam acreditar que fará mais e melhor do que o PS fará em mais quatro anos de governação estável do nosso país”.

O secretário-geral do PS, que falava no encerramento das intervenções de um almoço-comício em Matosinhos, considerou que, chegada esta fase da campanha eleitoral, “é muito evidente para todas e todos os portugueses que só há uma verdadeira escolha a fazer”: entre um governo do PS ou um Governo sem o PS.

António Costa contou que todos os dias ouve na rua quem lhe diga “que quer votar no PS para que o PS governe com maioria ou sem maioria”, mas também “quem quer que o PS governe com ‘gerigonça’ ou sem ‘gerigonça’”.

No entanto, sublinhou, “seja a forma que desejem, só têm todos um ponto em comum”: de que é necessário votar no PS, para ter um governo do PS para alcançar “mais quatro anos de estabilidade política” em Portugal.

“Alguém acredita que sem o PS nós teríamos conseguido uma criação de emprego sem que o diabo tivesse assustado aqueles que investem e permitem criar mais riqueza ou mais emprego?”, questionou, depois de enumerar os feitos alcançados pelo Governo em matéria de crescimento económico e diminuição do desemprego.

E continuou: “Alguém acredita que sem o PS esta solução política tinha durado quatro anos? Ninguém acreditava que isso fosse possível”.

À chegada ao local do almoço-comício, António Costa foi recebido por um grupo de lesados do BES/Novo Banco, que se concentraram frente ao Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos num ruidoso protesto.

Antes da iniciativa, que encerrou a agenda de campanha do PS para hoje, o líder socialista participou numa arruada junto à praia da Aguda, em Arcozelo, Vila Nova de Gaia.

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