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Elon Musk: Nem tudo corre sobre rodas no reino da Tesla

A Tesla está a perder dinheiro e, sobretudo, credibilidade. Os investidores pedem a Musk para abandonar o Twitter. Pode ajudar a manter a empresa nas notícias, mas “não ajuda em termos de produção e de produto.”
11 Agosto 2018, 20h00

Foguetões, carros elétricos, energia solar e rede subterrânea de trânsito. Elon Musk, de 47 anos, tem uma fortuna avaliada em 20 mil milhões de euros, mas, apesar do êxito da conta bancária e de ser visto como um “visionário”, nem tudo está a correr bem.

A Tesla está a perder dinheiro e, sobretudo, credibilidade. Alguns acionistas insatisfeitos já desejaram a saída de três quadros de topo, incluindo o irmão de Musk, Kimbal, e James Murdoch, filho do magnata Rupert Murdoch.

Em março deste ano, a fabricante de automóveis elétricos anunciou que ia chamar às oficinas todos os Model S fabricados antes de abril de 2016, devido a problemas de “corrosão excessiva” nos parafusos da direção hidráulica. No final da semana passada, para melhorar a vantagem competitiva, a companhia pediu a alguns fornecedores que reembolsassem uma parte do que a empresa de carros elétricos gastou anteriormente. Este é um apelo que reflete a urgência da fábrica em manter a sustentabilidade das operações durante um período crítico de produção.

De acordo com um memorando a que o “The Wall Street Journal” teve acesso, a Tesla descreveu o pedido feito aos fornecedores como essencial para a operação e fundamental para continuar o crescimento de longo prazo. É que, nos últimos meses, a empresa viu o seu posicionamento no mercado comprometido depois de vários atrasos na produção do Model 3.

Os prejuízos da empresa também estão mais altos que nunca, chegando aos 784,6 milhões de dólares (cerca de 673 milhões de euros), segundo os mais recentes resultados trimestrais da empresa, apresentados em maio. Apesar de tudo, os acionistas mantiveram a confiança em Elon Musk: em junho, uma proposta para retirar o milionário da posição de diretor executivo da empresa foi recusada.

Recorde-se que durante o processo de resgate de 12 crianças presas numa gruta da Tailândia, as ações da Tesla caíram mais de 3,5% depois de Musk ter usado a sua rede social preferida para chamar “pedófilo” a um mergulhador.

Desde 2009 que o Twitter é uma das suas principais ferramentas. Foi lá que Musk anunciou uma misteriosa “nova linha de produtos que não são carros” (mais tarde soube-se que era uma bateria para casas alimentada por painéis solares), e os “lança-chamas mais seguros de sempre”, por 500 dólares cada, para angariar fundos.

Os investidores pedem a Musk para abandonar aquela rede social. “O Twitter pode ajudar a manter a Tesla nas notícias, mas não ajuda em termos de produção e de produto”, escreve Gene Munster, um dos principais investidores da Tesla, numa carta aberta dirigida ao empresário. Para alguns especialistas, a falta de reflexão do empresário no Twitter deve-se ao seu estado de exaustão, depois de correr para cumprir o objetivo de produzir cinco mil carros Model 3 por semana. Recentemente, outra polémica. Utilizadores desta rede social fizeram-se passar por Elon Musk para lançarem esquemas fraudulentos que envolvem transferência monetárias em troca de criptomoedas.

O empreendedor é um sul-africano naturalizado americano que conseguiu fazer milhões de dólares a investir no futuro. Começou com a maior empresa de pagamento online, o PayPal, e investiu na exploração do espaço com a SpaceX. Esta empresa está a desenvolver um plano em conjunto com a NASA para colocar o homem em Marte até 2025. “O futuro da humanidade estará bifurcado em duas direções: ou vai ser multiplanetária ou estará confinada a um planeta e eventualmente à espera da extinção”, disse. Ao mesmo tempo, apostou nos primeiros carros elétricos modernos com a Tesla.

Musk foi a inspiração para a adaptação do génio bilionário Tony Stark ao cinema, no filme “Homem de Ferro”. O empresário trabalha cem horas por semana e tem uma ambição invulgar desde muito novo. Aos 12 anos vendeu o seu primeiro videojogo. Cinco anos depois, abandonou a África do Sul – mas, entretanto, já tinha estudado no Canadá, país da naturalidade da mãe – para tentar chegar à fortuna nos EUA. Tinha o “sonho americano”. O sonho, que viria a tornar-se realidade, também pode transformar-se num pesadelo, avisam os críticos.

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