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Embarcar com reconhecimento facial ou abrir uma conta por videochamada. Como a tecnologia está a mudar a nossa vida

Hoje, no segundo dia da conferência, abordou-se a relação dos cidadãos com as empresas tecnológicas e “concluiu-se que existe uma disrupção muito grande, que existem grandes negócios transformadores”.
28 Setembro 2018, 19h59

Durante dois dias, entre ontem e hoje, dia 28 de setembro, centenas de especialistas mundiais estiveram a debater, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, os aspetos legais e da segurança da identidade digital, na 10ª edição da ‘eID Conference’.

“No primeiro dia, estivemos a analisar o impacto no mundo da tecnologia digital e a convergência entre o mundo físico e o mundo digital”, sublinhou Jorge Alcobia, CEO da Multicert, empresa responsável pela organização desta conferência, em declarações ao Jornal Económico.

Segundo este responsável, “um aspeto interessante foi como é que os cidadãos se podem relacionar com os Estados, com os serviços públicos, de Saúde, Finanças ou Educação no futuro.

E uma das principais conclusões desta conferência é que a utilização da biométrica, do reconhecimento facial como forma de autenticação, será uma das áreas que terá maior crescimento e maior impacto. Foram dados vários exemplos de aeroportos internacionais que já estão a utilizar essas técnicas, permitindo aos passageiros fazerem o ‘check-in’ em casa, e no próprio aeroporto utilizarem sensores de reconhecimento facial, sem necessidade de levarem ‘boarding pass’, de mostrar o passaporte e sem paragens por causa da malas. São formas que estão a ser testadas para a facilitar a vida das pessoas. A biométrica pode ajudar a processar muito mais pessoas nos aeroportos, muito mais depressa. Abordou-se também a questão das receitas médicas que poderão passar a ser recebidas por ‘sms’. São vários exemplos de um processo de desmaterialização em curso”, explicou Jorge Alcobia.

Hoje, segundo dia da conferência, abordou-se mais a relação dos cidadãos com as empresas tecnológicas e “concluiu-se que existe uma disrupção muito grande, que existem grandes negócios transformadores”.

Não são só os casos mais conhecidos da Uber ou do Airbnb. Foram apresentados diversos casos, como o da seguradora Caravela ou do Novo Banco, sobre a forma como estão a tentar simplificar a vida dos cidadãos, em alguns serviços públicos. Mais uma vez, a biométrica e o reconhecimento facial podem ter um papel relevante, por exemplo, em serviços de urbanismo de câmaras municipais, onde os cidadãos quando lá se dirigem já terão o seu processo à espera para ser analisado, sem ter de autenticar documentos sempre que lá se dirigem”, destaca o CEO da Multicert.

Foram referidos os casos da Amazon, com Amazon to Go, nos Estados Unidos, ou da Ali Baba, com a TAO, na China. Por exemplo, na Áustria, em pequenas lojas, em pequenos supermercados, através da Amazon, já estão a decorrer experiências em que se pode pagar de forma rápida, sem ter de estar na fila à espera, adoptando um tipo de pagamento como o utilizado pela Uber.

“E há outros casos, como a possibilidade abertura de conta bancária por videochamada”, destacou Jorge Alcobia.

O CEO da Multicert chamou também a atenção para a intervenção de Paulo Portas, que alertou que “a Europa está a ficar para trás neste mundo digital, não havendo empresas grandes nesta área, nem em número de utilizadores, nem em número de patentes registadas, nem em capitalização bolsista, comparáveis com as que existem nos Estados Unidos ou na China”.

“E isto não deveria estar a a acontecer e deve merecer-nos uma grande reflexão”, conclui Jorge Alcobia.

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