Um estudo aponta para uma discrepância significativa entre as quantidades emitidas de gases com efeito de estufa que cada país reporta e as observações feitas por laboratórios independentes de quanto chega à atmosfera, noticia a Reuters.
De acordo com a análise do Centro de Pesquisa da Comissão Europeia, que foi esta segunda-feira publicada na revista científica ‘Nature Climate Change’, este desfasamento resulta de diferenças entre os métodos utilizados por cada país para contabilizar as suas emissões e os usados pelos cientistas. A “linguagem diferente” usada, explica Giacomo Grassi, um dos autores do estudo, “torna difícil avaliar o progresso climático de cada país”.
Estas formas de cálculo e modelos diferentes resultam num desequilíbrio de 5,5 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono, o equivalente às emissões anuais dos EUA, o segundo maior emissor deste tipo de gases do mundo.
Assim, o modelo americano, por exemplo, estima aproximadamente mais 3 mil milhões de hectares de floresta no mundo do que apontam os estudos independentes. Isto ocorre sobretudo dada uma alteração no uso de determinada terra, que, dada a desflorestação em vários países, pode rapidamente passar de um depósito natural de carbono para uma fonte do mesmo. Este processo, por ser de origem humana, é considerado antropogénico.
Adicionalmente, à medida que aumenta a concentração de gases desta natureza na atmosfera, as plantas existentes no solo conseguem crescer mais rapidamente e, por conseguinte, tornar-se mais eficientes na captura de CO2. Este tipo de efeitos é classificado como indireto pela análise.
Tal pode significar que vários países necessitarão de ajustar as suas medidas de combate a estes focos de poluição, dado que a sobrestimação da área de sumidouros de carbono significará provavelmente que não foram tomados os passos suficientes para garantir o aprisionamento destes gases. Os cientistas responsáveis pelo estudo sugerem separar o impacto indireto dos atuais desenhos, de forma a conseguir comparar melhor os resultados indicados pelos vários modelos atuais, algo que poderá ser feito já em 2022, quando está marcada a primeira avaliação do progresso do Acordo de Paris.
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