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Emissões de gases com efeito de estufa são superiores às reportadas pelos países, apontam cientistas

Os diferentes processos envolvidos na captura do dióxido de carbono ao nível do solo afetam os modelos usados a nível nacional para medir e projetar emissões de carbono, sendo que a discrepância entre os valores reportados e os verificados por cientistas independentes equivalem já às emissões anuais dos EUA, o segundo país mais poluidor do mundo.
27 Abril 2021, 18h00

Um estudo aponta para uma discrepância significativa entre as quantidades emitidas de gases com efeito de estufa que cada país reporta e as observações feitas por laboratórios independentes de quanto chega à atmosfera, noticia a Reuters.

De acordo com a análise do Centro de Pesquisa da Comissão Europeia, que foi esta segunda-feira publicada na revista científica ‘Nature Climate Change’, este desfasamento resulta de diferenças entre os métodos utilizados por cada país para contabilizar as suas emissões e os usados pelos cientistas. A “linguagem diferente” usada, explica Giacomo Grassi, um dos autores do estudo, “torna difícil avaliar o progresso climático de cada país”.

Estas formas de cálculo e modelos diferentes resultam num desequilíbrio de 5,5 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono, o equivalente às emissões anuais dos EUA, o segundo maior emissor deste tipo de gases do mundo.

Assim, o modelo americano, por exemplo, estima aproximadamente mais 3 mil milhões de hectares de floresta no mundo do que apontam os estudos independentes. Isto ocorre sobretudo dada uma alteração no uso de determinada terra, que, dada a desflorestação em vários países, pode rapidamente passar de um depósito natural de carbono para uma fonte do mesmo. Este processo, por ser de origem humana, é considerado antropogénico.

Adicionalmente, à medida que aumenta a concentração de gases desta natureza na atmosfera, as plantas existentes no solo conseguem crescer mais rapidamente e, por conseguinte, tornar-se mais eficientes na captura de CO2. Este tipo de efeitos é classificado como indireto pela análise.

Tal pode significar que vários países necessitarão de ajustar as suas medidas de combate a estes focos de poluição, dado que a sobrestimação da área de sumidouros de carbono significará provavelmente que não foram tomados os passos suficientes para garantir o aprisionamento destes gases. Os cientistas responsáveis pelo estudo sugerem separar o impacto indireto dos atuais desenhos, de forma a conseguir comparar melhor os resultados indicados pelos vários modelos atuais, algo que poderá ser feito já em 2022, quando está marcada a primeira avaliação do progresso do Acordo de Paris.

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