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Empresário investe dois milhões de euros em lagar de azeite em Vila Real

Um empresário está a investir dois milhões de euros num lagar de azeite, em Vila Real, que, em apenas um ano de atividade, duplicou a transformação de azeitona e os clientes e está em processo de ampliação.
17 Dezembro 2018, 11h52

O empresário Ivo Borges, 42 anos e natural de Abaças, construiu um lagar de azeite, no Regia Douro Park – Parque de Ciência e Tecnologia de Vila Real, que entrou em funcionamento no ano passado, criando cinco postos de trabalho em permanência e mais cinco na altura da campanha.

Um ano depois, já está em processo de ampliação do projeto. Aos 1,2 milhões de euros investidos na primeira fase vai aplicar agora mais 800 mil euros na construção de uma linha de azeitona de conserva e no armazenamento do produto acabado.

Todo o investimento é, segundo referiu, “100% privado”.

“É uma casa diferente das outras que existem na região. Damos o tratamento que a azeitona merece e que os azeites da nossa região precisavam ter. Trabalhamos o azeite a frio, primamos pela higiene e por selecionar a entrada da azeitona por variedades”, afirmou hoje à agência Lusa.

Para além da transformação, a Agrifiba produz também uma marca própria, a Casa Afonso Borges, que é uma homenagem ao pai do empresário.

Em 2017/2018, o lagar transformou cerca de um milhão de quilos de azeitona e fechou a campanha com 350 clientes.

Um ano depois, Ivo Borges perspetiva duplicar os números da transformação, atingindo os dois milhões de quilos, e de clientes, chegando aos cerca de 600.

Entre os clientes estão cerca de 80 quintas do Douro. Mas as azeitonas ali transformadas chegam também da região de Trás-os-Montes, como Mirandela, Valpaços ou Murça.

O lagar está completamente mecanizado. Desde a chegada da azeitona até à extração de azeite, o processo demora “apenas 45 minutos”.

Os resíduos são também reaproveitados. O caroço é transformado em produtos para aquecimento, a folha vai para a compostagem e o bagaço é vendido para uma empresa extratora.

“Prestamos um serviço que mais ninguém presta na região”, salientou.

Ou seja, explicou, o lagar empresta caixotes de plástico perfurados para colocar a azeitona em vez de sacos, presta ainda apoio técnico aos produtores, aconselha quanto a datas da colheita, faz o armazenamento do azeite dentro de cubas próprias de clientes, numa sala climatizada entre os 19 e os 21 graus, onde ficam em estágio cerca de 60 dias até ao engarrafamento.

“Os produtores só têm que se preocupar em apanhar e trazer a azeitona e depois vender o azeite, que nós prestamos todo o outro serviço”, frisou.

Ivo Borges quer que o seu lagar seja o “parceiro da maioria das quintas do Douro” e defende a instituição da Denominação de Origem Protegida (DOP) Douro, uma ideia que disse estar a demorar demasiado tempo a “sair da gaveta” e que poderia ajudar a compensar o custo que a apanha da azeitona tem naquele território, onde não é possível introduzir a mecanização devido à orografia do terreno e, como tal, exige muita mão de obra.

“A apanha de azeitona no Douro tem um custo muito elevado e a marca Douro podia ajudar a compensar o custo que isso tem”, frisou.

A campanha 2018 está em curso, com um atraso comparativamente com o ano passado, porque a azeitona está muito agarrada à árvore, custa a cair e os produtores retardaram a apanha.

Ivo Borges disse que este ano foi um pouco atípico, com muita chuva em novembro que influenciou os rendimentos numa primeira fase. Quanto à quantidade, perspetiva que se aproxime da do ano passado.

Com a marca de azeite própria, produziu 80 mil litros de azeite na campanha anterior, conquistando, no ano de estreia no mercado, uma medalha de ouro num concurso nacional. Este ano, Ivo Borges quer chegar aos 120 mil litros.

Este azeite é vendido para o mercado nacional, Espanha e Angola.

É também em Angola que o empresário possui, há 15 anos, a Tutiangol, uma agroindústria, localizada em Benguela, que fatura cerca de oito milhões de euros por ano, possui 198 referências de produto e emprega 110 pessoas.

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