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Empresários das aldeias de montanha querem discriminação positiva na hotelaria e restauração

A reivindicação é assumida pela ADIRAM – Associação de Desenvolvimento Integrado da Rede de Aldeias de Montanha, na sequência de uma videoconferência realizada no passado dia 20 de maio, em parceria com a consultora Blue Earth, sobre as novas perspetivas e desafios do turismo no interior de Portugal.
29 Maio 2020, 17h15

Os empresários que operam nos territórios das aldeias de montanha em Portugal querem que sejam tomadas de discriminação positiva na hotelaria e restauração para esta região específica.

A reivindicação é assumida pela ADIRAM – Associação de Desenvolvimento Integrado da Rede de Aldeias de Montanha, na sequência de uma videoconferência realizada no passado dia 20 de maio, em parceria com a consultora Blue Earth, sobre as novas perspetivas e desafios do turismo no interior de Portugal.

Intitulado “(Re)desenhar o papel do Turismo no Interior em tempo de COVID-19”, este ‘webinar’ reuniu uma audiência com mais de duas centenas de pessoas e contou com a presença de José Francisco Rolo, presidente da ADIRAM; Pedro Machado, presidente da ERT – Entidade Regional de Turismo do Centro; e Luís Tadeu e José Carlos Alexandrino, respetivamente, presidentes das Comunidades Intermunicipais (CIM) das Beiras e Serra da Estrela e Região de Coimbra, assim como empresários, consultores e agentes de desenvolvimento e turismo.

“Nesta conferência ‘online’ ficou destacado o trabalho dos autarcas da região das Beiras e Serra da Estrela e da região de Coimbra, quer na gestão do processo do Covid-19, decisivo para suster a propagação do vírus nesta zona do país, quer na sensibilização das respetivas comunidades. Atualmente, os habitantes das Aldeias de Montanha têm perfeita noção do que é ser um agente de saúde pública e a importância do cumprimento das regras da Direção Geral de Saúde”, destaca um comunicado da ADIRAM.

De acordo com esse documento, “os empresários da região apelaram ao papel cimeiro das autarquias, por via das CIM, no apoio robusto e estruturado aos pequenos e médios negócios e à necessidade de valorização de toda uma cadeia de valor existente”.

“Medidas como isenção de IMI [Imposto Municipal sobre Imobiliário] para as empresas mais afetadas pela pandemia ou a redução do IVA [Impostos sobre Valor Acrescentado] e de algumas taxas municipais foram algumas das propostas avançadas, registando-se que a política pública está a tratar de maneira igual aquilo que é diferente”, adianta o referido comunicado.

No entender dos responsáveis da ADIRAM, houve unanimidade em defender que as empresas do setor da hotelaria e restauração do Interior “deverão ter instrumentos de apoio específicos”, apelando para uma “discriminação positiva” nos instrumentos de apoio.

Outro aspeto abordado pelos empresários refere-se ao mecanismo de ‘lay-off’. “De uma maneira geral, todos consideram que deverá estar mais alinhado com as necessidades das empresas hoteleiras. Mesmo em casos de faturação zero carecem de trabalhos de manutenção, gestão e ‘marketing’, avança o comunicado da ADIRAM.

Segundo os presentes na iniciativa em causa, “estas funções poderiam ser desempenhadas por trabalhadores em ‘lay-off’, em horário parcial, ainda que mantendo-se o ‘lay-off’ total”.

“Para os empresários, desta forma, evitava-se sobrecarregar as empresas sem faturação com encargos adicionais que não conseguem suportar, sem prejudicar a remuneração auferida pelos trabalhadores”, sublinha a ADIRAM.

“Ficam, assim, criadas condições para manter a relação entre os trabalhadores e a sua empresa, num momento em que a empresa mais necessita do seu principal activo, as pessoas. Não devemos deixar que o ‘lay-off’ seja um instrumento de desagregação da empresa”, sublinhou João Tomás, proprietário da Casa das Penhas Douradas e Casa de São Lourenço – Burel Mountain Hotels.

Rui Tomás Marques, CEO da consultora Blue Earth, assinala ainda que “a burocracia e a demora das entidades bancárias em disponibilizar o dinheiro às empresas foram apontadas por , como os principais entraves e dificuldades para os empresários”.

Uma proposta mais disruptiva foi ainda defendida por José Carlos Alexandrino, Presidente da CIM da Região de Coimbra e Presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, adiantando “uma injeção de 30 milhões de euros, à semelhança do que está a ser feito por outros países, montante que seria distribuído pelas famílias, em cheques vale para utilizar em férias no interior do país no valor de 500 euros”.

Esta medida, segundo o autarca, “representaria uma injeção direta na economia local e nas empresas do setor do turismo do interior do país, que necessitam de apoios para retomar a normalidade”, acrescentando que, “numa primeira fase iria abranger 40.000 famílias”.

Por seu turno, o presidente da FIBNET Portugal, França e Arábia Saudita, Amândio Dias, ressalvou que as Aldeias de Montanha devem aproveitar esta crise “para alavancar o desenvolvimento da região num projeto de conectividade capaz de vencer as dificuldades de acessibilidade aos territórios de montanha, aproximando as populações e eventuais novos residentes ao conforto dos serviços prestados à distância”.

“Atrair não só turistas, mas os novos nómadas do teletrabalho”, advogou Amândio Dias.

De acordo com o comunicado da ADIRAM, “os intervenientes foram ainda unânimes em relevar a importância e os atributos do Interior e Centro de Portugal”.

“Consideraram ser esta a oportunidade de olharmos para este território de uma forma alternativa como destino turístico de verão – as praias fluviais, as lagoas, a Natureza, as gentes genuínas, a qualidade do Ambiente, a segurança, a confiança, o potencial para a prática de desportos ao ar livre, e a paz que se consegue fora dos grandes aglomerados citadinos são atributos incontestáveis do territórios da Aldeias de Montanha e da Região interior centro”, concluem os responsáveis da ADIRAM.

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