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Empresas públicas de transportes com mais 23 milhões de clientes

As seis maiores empresas públicas de transportes tiveram mais passageiros em 2017, com uma subida média de 4,35%.
  • Mário Cruz/Lusa
14 Fevereiro 2018, 10h05

Todas as maiores empresas públicas de passageiros de Portugal encerraram o ano passado com crescimentos do número de passageiros transportados, consolidando uma tendência de recuperação do setor face aos anos mais negros da crise económica e da vigilância da troika em Portugal, em que se desinvestiu na substituição ou renovação das frotas, se reduziu o pessoal efetivo dessas empresas, se cortou no âmbito das redes em serviço e se tentou concessionar a privados a maior parte destas operações.

Segundo dados a que o Jornal Económico teve acesso, nas seis empresas públicas de transporte de passageiros em questão – os dois Metros de Lisboa e do Porto; as rodoviárias das duas cidades, Carris e STCP; a Transtejo/Soflusa e a CP – encerraram todas no ano passado em alta de passageiros transportados, gerando um saldo positivo em relação a 2016 na ordem dos 22,7 milhões de passageiros. Uma melhoria global de 4,35%.

Ao acentuar a tendência de aumento de procura dos passageiros pelo transporte público, as empresas do setor beneficiaram, não só, de um congelamento quase total dos tarifários dos títulos de transportes, mas também da melhoria generalizada da economia nacional, assim como do acréscimo constante do fluxo de turistas ao nosso Pais, em particular às cidades de Lisboa e do Porto.

No conjunto das seis empresas de transportes públicos avaliadas, o destaque vai para o Metro de Lisboa, que transportou no ano passado um total de cerca de 151,4 milhões de passageiros, mais de oito milhões acima dos dados conseguidos no ano precedente. Em termos percentuais, verificou-se um acréscimo de 5,7%.

A segunda maior subida de passageiros em termos absolutos no ano transacto foi protagonizada pela CP, que transportou um total de 122 milhões de passageiros em 2018. Mais 7,1 milhões que no ano anterior, o equivalente a uma subida de 6,3%.

Com uma variação positiva de 4,1% posicionou-se depois a STCP, com um total de cerca de 72,2 milhões de passageiros transportados. A empresa rodoviária de transporte público de passageiros agora gerida pela Câmara Municipal do Porto e por outras cinco autarquias representadas na Junta Metropolitana do Porto transportou no ano passado mais 2,8 milhões de passageiros que em 2016. Também no Porto, o Metro da cidade fechou o ano de 2018 com um total de cerca de 58 milhões de passageiros transportados, cerca de 2,6 milhões de passageiros acima do conseguido no ano anterior.

Em Lisboa, a Carris também teve um comportamento positivo. Em 2018, a empresa rodoviária de passageiros da capital transportou 122,4 milhões de passageiros, mais 1,4 milhões que no ano passado.

Por fim, no modo fluvial, a Transtejo/Soflusa, empresas públicas responsáveis pelas ligações entre as duas margens do rio Tejo na área metropolitana de Lisboa, também passaram de cerca de 16 milhões de passageiros, para cerca de 16,8 milhões de passageiros. Mais cerca de 700 mil passageiros, que se traduziram uma evolução percentual de 4,5%.
Como as contas destas empresas referentes ao exercício de 2017 ainda não foram divulgadas, não se sabe ainda se esta onda positiva se refletiu no aumento de receitas, na obtenção de lucros e, portanto, na diminuição dos respetivos passivos, uma dos problemas crónicos do setor. Apenas a CP já divulgou que as receitas de tráfego no ano passado ascenderam a 250 milhões de euros, mais 19,6 milhões de euros, ou seja, mais 8,5% que em 2016, o que quer dizer que as receitas ainda cresceram a um ritmo mais elevado que o número de passageiros da transportadora ferroviária nacional.

Este crescimento generalizado do número de passageiros transportados pelas empresas públicas em 2017 surge depois de o atual Executivo ter revertido o processo de concessões a grupos privados que o Governo de Pedro Passos Coelho quis concretizar na maioria dos casos. Desta forma, a Carris passou a ser gerida pela Câmara Municipal de Lisboa, enquanto o Metro de Lisboa, o Metro do Porto e a Transtejo/Soflusa são da responsabilidade do Ministério do Ambiente. A STCP tem a gestão coordenada entre seis autarquias do distrito do Porto e a CP mantém-se na esfera dos Ministérios do Planeamento e das Infaestruturas e das Finanças.

A aposta deste governo socialista no transporte público deverá reflectir-se ao longo deste ano com o lançamento de concursos públicos para a aquisição de novos autocarros e outros equipamentos por grande parte das empresas em análise.

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