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“Enfermeiros estão hoje numa situação de rastos, nem é de exaustão”, alerta Bastonária

“Portugal tem 30 mil médicos e 45 mil enfermeiros no SNS, quando deviam ser 90 mil”, realçou Ana Rita Cavaco numa audição no Parlamento. A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros sustenta que, face a estes valores, “os enfermeiros não fazem milagres”.
  • Foto: Cristina Bernardo
21 Janeiro 2021, 16h24

A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, afirmou que os profissionais de saúde que defende “estão hoje numa situação de rastos, nem é de exaustão”. Numa audição no Parlamento, Ana Rita Cavaco defendeu que perante a situação atual da pandemia faltam enfermeiros no país e que Portugal anda a exportá-los.

A bastonária garantiu perante os partidos que a exaustão dos enfermeiros “é fácil de entender”. “Portugal, antes da pandemia, era dos países da OCDE com menos enfermeiros por mil habitantes”, disse a bastonária, acrescentando que para cada médico tem de existir três enfermeiros. “Portugal tem 30 mil médicos e 45 mil enfermeiros no SNS, quando deviam ser 90 mil”, sustentando que face a estes valores “os enfermeiros não fazem milagres”.

Ana Rita Cavaco criticou ainda o Governo por importar ventiladores mas não dar formações aos enfermeiros, e que na maioria das vezes exportam enfermeiros. “Deixaram emigrar 1.230 enfermeiros ao longo destes meses da pandemia, porque a estratégia do Governo foi entregar tostões no combate à pandemia e ofereciam aos enfermeiros contratos de quatro meses e contratos a termo incerto”, significando que “ao fim de um mês podiam ser mandados embora”. A bastonária afirmou ainda aos partidos que questionou o Ministério da Saúde sobre estes contratos mas que a extensão dos mesmos tinha de ter o aval das Finanças por causa das verbas existentes.

“Mais de 20 mil enfermeiros emigrados no estrangeiros, alguns tinham vontade de voltar a Portugal mas não o fazem por contratos de quatro meses ou a termo incerto”, defendeu Ana Rita Cavaco.

A bastonária disse ainda aos partidos no Parlamento que desde março que a Ordem dos Enfermeiros pede que sejam chamados enfermeiros especializados em saúde pública e saúde comunitária, bem como com experiência em cuidados intensivos, para assumir funções nas unidades dos vírus, mas que o Governo não o fez e decidiu contratar enfermeiros para preencher vagas nestas alas hospitalares.

Ana Rita Cavaco apontou que a Ordem identificou enfermeiros com experiência em cuidados intensivos e pediu para que estes fossem colocados nas Unidades de Cuidados Intensivos para fazer formação “porque os ventiladores não se ligam sozinhos, não são a Bimby em que se carrega num botão e funciona sozinho”.

Perante o caso da devolução dos prémios, a bastonária garante que a decisão “só vem criar mais instabilidade, em cima da instabilidade emocional, física e psicológica nos enfermeiros”. “Há enfermeiros que este mês vão receber 500 euros porque têm descontado um prémio que entendem ser indevido porque houve dias em que não tiveram contacto com doentes infetados porque eles próprios estiveram infetados ou tiveram de ficar em isolamento”, mencionou a bastonária.

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