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Erdogan: Turquia está a fazer o que nenhum outro país quis fazer

O presidente turco escreveu um artigo de opinião onde acusa os países europeus de terem falhado na resolução do problema dos refugiados da guerra na Síria. E insiste que o melhor seriam apoiar os esforços de Ancara.
  • Recep Tayyip Erdogan
17 Outubro 2019, 07h32

O governo da Turquia está, através de vários canais, a levar a cabo uma intensa campanha diplomática para explicar as razões para ter mandado entrar o seu exército em território sírio. A motivação não é perseguir os curdos, mas sim os curdos que representam uma ameaça para o território turco. E depois de vários diplomatas, foi o próprio presidente Erdogan quem escreveu um artigo sobre a matéria.

“Desde o início da guerra civil síria em 2011, nenhum país sentiu a dor da crise humanitária que se seguiu mais severamente que a Turquia. Recebemos 3,6 milhões de refugiados sírios – mais do que qualquer outro país – e gastamos 40 mil milhões de dólares em educação, assistência médica e habitação”. É desta forma que o presidente turco, Recep Erdogan, escreve um artigo que saiu no Wall Street Journal e cuja embaixada em Portugal fez chegar ao JE.

A entrada do exército turco na Síria é, por isso e em primeiro lugar, para Erdogan uma questão humanitária, a que se juntam problemas de segurança: “o meu governo alertou repetidamente que não poderíamos impedir que os refugiados inundassem o Ocidente sem apoio financeiro internacional. Essa advertência caiu em ouvidos surdos“.

O plano para a intervenção na Síria – “que partilhei com os líderes mundiais na Assembleia Geral da ONU no mês passado”, a Operação Primavera da Paz – pretende assim, tão somente, “acabar com a crise humanitária e lidar com a violência e a instabilidade que são as principais causas da migração irregular na região. Na ausência de um plano alternativo para lidar com a crise dos refugiados, a comunidade internacional deve juntar-se aos nossos esforços ou começar a absorver os refugiados”, diz ainda Erdogan.

Como parte da Operação Paz Primavera, “as forças armadas turcas, juntamente com o Exército Nacional Sírio, removerão todos os elementos terroristas no nordeste da Síria. Esses militantes estão a impedir que os refugiados sírios, incluindo 300 curdos curdos, voltem para casa”. Para Erdogan, “a nossa missão é ao mesmo tempo combater o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, a organização terrorista conhecida como PKK, e as suas associadas sírias e o Estado Islâmico. A Turquia não discute com nenhum grupo étnico ou religioso. Do nosso ponto de vista, todos os cidadãos da República Árabe da Síria – que não pertencem a grupos terroristas – são iguais”.

Uma pequena nuance para explicar que o exército turco não está a perseguir os curdos, mas sim os curdos que fazem parte de grupo que Ancara considera terroristas – por muito que tenham ajudado na luta contra os Estado Islâmico.

O presidente turco diz de seguida que “queremos garantir que nenhum combatente do Estado Islâmico saia do nordeste da Síria. Estamos preparados para trabalhar com os países de origem e organizações internacionais para reabilitar os cônjuges e filhos de combatentes terroristas estrangeiros”.

“A comunidade internacional perdeu a oportunidade de impedir que a crise síria atraísse para a região um turbilhão de instabilidade. Muitos países tiveram que lidar com os efeitos colaterais negativos do conflito, incluindo migração irregular e o aumento dos ataques terroristas. A Operação Paz Primavera representa outra hipótese de ajudar a Turquia a terminar a guerra na Síria e a restaurar a paz e a estabilidade na região”, remata Erdogan, para apelar a que “a Uniãoqu Europeia e o mundo devem apoiar o que a Turquia está a tentar fazer”.

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